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   DEFESA CIVIL  
by WATANABE

PRESERVAR O LOCAL

 

Depois que as pessoas foram salvas, depois que as pessoas foram levadas para local seguro - cessa a Situação de Emergência.

Todo desastre tem Responsabilidades envolvidas, Responsabilidades que precisam ser apuradas.

Todo e qualquer desastre ocorre por falha, negligência, imperícia, esquecimento, burice, cabeça dura, teimosia, ideologia política, etc. de pessoas (pessoa física).

Mesmo os desastres provocados pela natureza como deslizamento de encostas, enchentes de rios são perfeitamente previsíveis e obras de contenção devem ser construídas para evitar que o fenômeno da natureza não venha a causar danos, prejuízos e mortes.

O bairro do Pacaembu, na cidade de São Paulo, por exemplo, está situado em região com muitas área de risco Geológico com encostas e taludes super-íngremes. Mas não ocorrem desastres por que o bairro é bem dotado de obras de contenção de aterro, de muros de arrimo de encostas e de uma excelente rede de drenagem urbana.

A construção do Estádio do Pacaembu em 1936, aproveitou a área de fundo de vale da bacia do Córrego Pacaembu, um local totalmente inadequado para a construção de estádios pelo risco de inundações - numa enxurrada, toda a água corre para o fundo do vale. Mas não ocorre inundações pois a segurança do estádio é feita por uma excelente rede de drenagem urbana.

As casas no bairro todo são construídas em morros super-íngremes mas com total segurança pois os morros são contidos com Paredes de Contenção e arrimados com Muros de Arrimo, todos dotados de cortinas de drenagem.

Veja um outro local parecido. Aproveite e faça um passeio pelo Pacaembu no Google-Maps -

 

Na frente do Estádio do Pacaembu, sob a Praça Charles Muller, existe um enorme "piscinão", uma obra de retenção das chuvas que "segura" a enxurrada e não deixa a chuva alagar as ruas do bairro. No Bairro do Pacaembu não ocorrem enchentes nem inundações. Tampouco ocorrem desbarrancamentos ou deslisamento de taludes ou encostas. Veja uma fotografia aérea da época da construção do Piscinão do Pacaembu.

Para não deixar um enorme buraco aberto sem utilidade, no meio de uma praça pública, exalando cheiro fedido e criando ratros e baratas, o Piscinão do Pacaembu é coberto com uma laje. Veja uma foto da laje que cobre o Piscinão do Pacaembu quando a laje estava sendo construída:

A laje não só isola o piscinão do mal cheiro como também permite que a Praça Charles Muller seja usada como estacionamento de carros ou local de concentração de pessoas:

Da mesma forma que foram feitas obras de contenção e drenagem no Bairro do Pacaembu e outros da cidade de São Paulo, taludes e encostas de bairros da periferia poderiam ser protegidos, contidos e arrimados com obras de contenção e arrimo e também por redes de drenagem urbana, tudo construído com o dinheiro do povo, como foi feito no bairro do Pacaembu.

Isso nos mostra que o governo sabe e pode fazer obras e garantir a segurança e a tranquilidade da população.

Não é aceitável que a "natureza" seja responsabilizada pelos desastres.

 

PRESERVAR O LOCAL.

Os escombros, lajes, vigas, pilares, paredes caídas e outras partes do prédio contém indícios e provas importantes para a COMPREENSÃO do desastre ocorrido e esses escombros, ao serem examinados e analisados por profissionais especializados fornecem importantes indícios sobre a causa, ou causas, do problema ou dos problemas.

Que tipo de tijolo foi empregado na construção da parede? Esses tijolos tavam bem queimados e tinham sido assentados com argamassa apropriada? Depois de construída, a parede tinha recebido uma proteção impermeabilizante contra as chuvas? Essa proteção passava por manutenção periódica? Nessa manutenção, o produto aplicado era o correto? A parede desmoronou por ruptura das partes baixas, ou tombou por inteiro? Ruiu ou desabou? Será que a parede morreu de velha, afinal tinha mais de 100 anos.

Essas e muitas outras perguntas remetem à responsabilidade de muitas pessoas que participaram e contribuíram, ajudando ou dificultando a ocorrência do desastre. Idealizar uma parede nesse local, há mais de 100 anos atrás, foi correto? Construir a parede com tijolo foi correto? O Conselho ao determinar que as paredes externas deveriam ser preservadas enquanto a parte interna recebia a construção de um shopping center foi uma decisão acertada? Tem sentido falar em deixar somente as paredes externas em pé? A resposta a tais questionamentos se encontra nos escombros.

A Engenharia Diagnóstica dispõe de tecnologia de ponta para estabelecer o nexo-causal em qualquer tipo de desastre e assim, apontar para as responsabilidades envolvidas.

Remover os escombros de um desastre antes que as perícias tenham tido oportunidade de recolher os indícios e provas é um ato precipitado e até criminoso pois é como se "virasse uma página" do sinistro, como se passasse uma borracha sobre o passado. É como se dissesse: "Muito bem, quem morreu, morreu, vamos tocar o barco prá frente".

RMW\DefesaCivil\preservar.htm em 16/01/2002, atualizado em 11/02/2013.