Prezados companheiros do grupo GEROI-Brasil:
UMA MENSAGEM A GARCIA 09/11/2013 |
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mensagens motivadoras muito interessantes são passadas de mão em mão. Chegou-me às minhas mãos, a mensagem intitulada Uma Mensagem a Garcia, enviada pelo companheiro José Darci Pereira Soares, do Rotary Club de Bento Gonçalves que, embora escrita em 1913 por Helbert Hubbard, permanece atualíssima e entendi a Invalidez da Vontade que assola alguns de nossos ilustres companheiros rotarianos o que resulta em clubes desmotivados.
1 - UMA MENSAGEM A GARCIA
Em todo este caso cubano, um homem se destaca no
horizonte de minha memória como o planeta Marte no seu periélio. Quando irrompeu
a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era
comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, Garcia, que se sabia
encontrar-se em alguma fortaleza no interior do sertão cubano, mas sem que se
pudesse precisar exatamente onde. Era impossível comunicar-se com ele pelo
correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente tinha que tratar de
assegurar-se da sua colaboração, e isto o quanto antes. Que fazer?
Alguém lembrou ao Presidente: "Há um homem chamado Rowan;
e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan".
Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe
confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem,
Rowan, tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o
peito, e, após quatro dias, saltou, de um barco sem coberta, alta noite, nas
costas de Cuba; de como se embrenhou no sertão, para depois de três semanas,
surgir do outro . lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e
entregando a carta a Garcia - são cousas que não vêm ao caso narrar aqui
pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinley deu a Rowan uma
carta para ser entregue a
Garcia; Rowan pegou da carta e nem sequer perguntou:
"Onde é que ele está?"
Hosannah! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido
em bronze imarcescível e sua estátua colocada em cada escola do país. Não é de
sabedoria livresca que a juventude precisa, nem instrução sobre isto ou aquilo.
Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altivo no
exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado;
para, em suma, levar uma mensagem a Garcia.
O General Garcia já não é deste mundo, mas há outros
Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma empresa, em
que a ajuda de muitos se torne precisa, têm sido poupados momentos de verdadeiro
desespero ante a imbecilidade de grande número de homens, ante a inabilidade ou
falta de disposição de concentrar a mente numa determinada cousa e fazê-la.
Assistência irregular, desatenção tola, indiferença
irritante e trabalho mal feito parecem ser a regra geral. Nenhum homem pode ser
verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu
alcance, quer da força, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajudá-lo,
a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre
enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz.
Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado
no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles
e pede-lhe: "Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma
descrição sucinta da vida de Corrégio".
Dar-se-á o caso do empregado dizer calmamente: "Sim,
Senhor" e executar o que se lhe pediu?
Nada disso! Olhar-te-á perplexo e de soslaio para fazer
uma ou mais das seguintes perguntas:
Quem é Corrégio?
Que enciclopédia?
Onde é que está a enciclopédia? Fui eu acaso contratado
para fazer isso ?
Não quer dizer Bismark?
E se Carlos o fizesse?
Já morreu?
Precisa disso com urgência?
Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor
mesmo procure o que quer?
Para que quer saber isso ?
E aposto dez contra um que, depois de haveres respondido
a tais perguntas, e explicado a maneira de procurar os dados pedidos e a razão
por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a
encontrar Garcia, e, depois voltará para te dizer que tal homem não existe.
Evidentemente, pode ser que eu perca a aposta; mas, segundo a lei das médias,
jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao
teu "ajudante" que Corrégio se escreve com "C" e não com "K", mas limitar-te-ás
a dizer meigamente, esboçando o melhor sorriso.` "Não faz mal; não se incomode",
e, dito isto, levantar-te-ás e procurarás tu mesmo. E esta incapacidade de atuar
independentemente, esta inépcia moral, esta invalidez da vontade, esta atrofia
de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir - são as cousas que recuam
para um futuro tão remoto o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam a
iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão quando o resultado do seu
esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda
precisam ser feitorados. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz
trabalhar é o medo de se não o fizer, ser despedido no, fim do mês. Anuncia
precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão
ortografar nem pontuar - e; o que é mais, pensam que não é necessário sabê-lo.
Poderá uma pessoa destas escrever uma carta a Garcia?
"Vê aquele guarda-livros", dizia-me o chefe de uma
grande, fábrica.
"Sim, que tem?"
"É um excelente guarda-livros. Contudo, se eu o mandasse,
fazer um recado, talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas também
podia muito bem ser que no caminho entrasse em duas ou três casas de bebidas, e
que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse da incumbência que lhe
fora dada".
Será possível confiar-se a um tal homem uma carta para
entregá-la a Garcia?
Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais
externando simpatia para com os pobres entes que mourejam de sol a sol, para com
os infelizes desempregados à cata do trabalho honesto, e tudo isto, quase
sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder.
Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num
baldado esforço para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar
conscienciosamente; nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que,
no entanto, muitas vezes nada mais faz do que "matar o tempo", logo que ele
volta as costas. Não há empresa que não esteja dependendo pessoal que se mostre
incapaz de zelar pelos seus interesses, a fim de substituí-lo por outro mais
apto. E este processo de seleção por eliminação está se operando
incessantemente, em tempos adversos, com a única diferença que, quando os tempos
são maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente,
pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da
sobrevivência do mais apto. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente
de guardar os melhores - aqueles que podem levar uma mensagem a Garcia.
Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas
sem a fibra precisa para gerir um negócio próprio e que ademais se torna
completamente inútil para qualquer outra pessoa, devido à suspeita insana que
constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione
oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse
confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria provavelmente: "Leve-a você mesmo".
Hoje este homem perambula errante pelas ruas em busca de
trabalho, em quase petição de miséria. No entanto, ninguém que o conheça se
aventura a dar-lhe trabalho porque é a personificação do descontentamento e do
espírito de réplica. Refratário a qualquer conselho ou admoestação, a única
cousa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta
de uma bota de número 42, sola grossa e bico largo.
Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente
aleijado como este, não é menos digno de compaixão que um fisicamente aleijado.
Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos também uma lágrima pelos
homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de
trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam
prematuramente encanecidos na incessante luta em que estão empenhados contra a
indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz,
justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e
sem lar.
Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores
demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas, quando todo mundo se apraz em
divagações quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que imprime êxito a um
empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe
dirigir e coordenar os esforços de outros e que, após o triunfo, talvez
verifique que nada ganhou; nada, salvo a sua mera subsistência.
Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jornaleiro,
como, também tenho sido patrão. Sei portanto, que alguma cousa se pode dizer de
ambos os lados.
Não há excelência na pobreza de per si; farrapos não
servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma
forma que nem todos os pobres são virtuosos.
Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha
conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao lhe ser
confiada uma carta para Garcia, tranquilamente toma a missiva, sem fazer
perguntas idiotas, e sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que
encontrar, ou praticar qualquer outro feito que não seja entregá-la ao
destinatário, esse homem nunca, fica "encostado" nem tem que se declarar em
greve para, forçar um aumento de ordenado.
A civilização busca ansiosa, insistentemente, homem
nestas condições. Tudo que um tal homem pedir, ser-lhe-á de conceder. Precisa-se
dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada
oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente
se resume nisso: Precisa-se, e precisa-se com urgência de um homem capaz de
levar uma mensagem a Garcia.
2 - NOTA DO AUTOR
Esta insignificância
literária, UMA MENSAGEM A GARCIA, escrevi-a uma noite, depois do jantar, em uma
hora. Foi a 22 de fevereiro de 1899, aniversário natalício de Washington, e o
número de março da nossa revista "Philistine" estava prestes a entrar no prelo.
Encontrava-me com disposição de escrever, e o artigo brotou espontâneo do meu
coração, redigido, como foi, depois de um dia afanoso, durante o qual tinha
procurado convencer alguns moradores um tanto renitentes do lugar, que deviam
sair do estado comatoso em que se compraziam, esforçando-se por incutir-lhes
radioatividade.
A idéia original,
entretanto, veio-me de um pequeno argumento ventilado pelo meu filho Bert, ao
tomarmos café, quando ele procurou sustentar ter sido Rowan o verdadeiro herói
da Guerra de Cuba. Rowan pôs-se a caminho só e deu conta do recado - levou a
mensagem a Garcia. Qual centelha luminosa, a idéia assenhoreou-se de minha
mente. É verdade, disse comigo mesmo, o rapaz tem toda a razão, o herói é aquele
que dá conta do recado que leva a mensagem a Garcia.
Levantei-me da mesa
e escrevi "Uma mensagem a Garcia" de uma assentada. Entretanto liguei tão pouca
importância a este artigo, que até foi publicado na Revista sem qualquer título.
Pouco depois da edição ter saído do prelo, começaram a afluir pedidos para
exemplares adicionais do número de Março do "Philistine": uma dúzia, cinqüenta,
cem, e quando a American News Company encomendou mais mil exemplares, perguntei
a um dos meus empregados qual o artigo que havia levantado o pó cósmico.
- "Esse de Garcia" -
retrucou-me ele.
No dia seguinte
chegou um telegrama de George H. Daniels, da Estrada de Ferro Central de Nova
York, dizendo: "Indique preço para cem mil exemplares artigo Rowan, sob forma
folheto, com anúncios estrada de ferro no verso. Diga também até quando pode
fazer entrega".
Respondi indicando o
preço, e acrescentando que podia entregar os folhetos dali a dois anos.
Dispúnhamos de facilidades restritas e cem mil folhetos afiguravam-se-nos um
empreendimento de monta.
O resultado foi que
autorizei o Sr. Daniels a reproduzir o artigo conforme lhe aprouvesse. Fê-lo
então em forma de folhetos, e distribuiu-os em tal profusão que, duas ou três
edições de meio milhão se esgotaram rapidamente. Além disso, foi o artigo
reproduzido em mais de duzentas revistas e jornais. Tem sido traduzido, por
assim dizer, em todas as línguas faladas.
Aconteceu que,
justamente quando o Sr. Daniels estava fazendo a distribuição da Mensagem a
Garcia, o Príncipe Hilakoff, Diretor das Estradas de Ferro Russas, se encontrava
neste país. Era hóspede da Estrada de Ferro Central de Nova York, percorrendo
todo o país acompanhando o Sr. Daniels. O príncipe viu o folheto, que o
interessou, mais pelo fato de ser o próprio Sr. Daniels quem o estava
distribuindo em tão grande quantidade, que propriamente por qualquer outro
motivo.
Como quer que seja,
quando o príncipe regressou à sua Pátria mandou traduzir o folheto para o russo
e entregar um exemplar a cada empregado de estrada de ferro na Rússia. O breve
trecho foi imitado por outros países; da Rússia o artigo passou para a Alemanha,
França, Turquia, Hindustão e China. Durante a guerra entre Rússia e o Japão, foi
entregue um exemplar da "Mensagem a Garcia" a cada soldado russo que se
destinava ao front.
Os japoneses, ao
encontrar os livrinhos em poder dos prisioneiros russos, chegaram à conclusão
que havia de ser cousa boa, e não tardaram em vertê-lo para o japonês. Por ordem
do Mikado foi distribuído um exemplar a cada empregado, civil ou militar do
Governo Japonês.
Para cima de quarenta milhões de exemplares de "Uma Mensagem a Garcia" têm sido impressos, o que é sem dúvida a maior circulação jamais atingida por qualquer trabalho literário durante a vida do autor, graças a uma série de circunstâncias felizes.
Helbert Hubbard
East Aurora, dezembro
1, 1913
membro do Rotary Club de São Paulo - Água Rasa - EMAIL: watanabe@rotaryspaguarasa.com.br. Watanabe é engenheiro e como tal participou do projeto das grandes obras da engenharia nacional como a Rodovia dos Imigrantes e as hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipú e Tucurui. |
RMW\GEROI\mensagemagarcia.htm em 08/11/2013, atualizado em 09/11/2013 .