ESGOTO SANITÁRIO DOMICILIAR

BACIA SANITÁRIA

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Importante aparelho de uso privativo individual, a Bacia Sanitária, também chamada de Vaso Sanitário ou simplesmente Vaso é um aparelho mal compreendido. Prá começo de conversa, não é nem bacia e nem vaso.

 

Conheça as partes de uma Bacia Sanitária comum:

Não é muito divulgado, mas ocontece com frequência acidentes com Bacias Sanitárias devido a falhas na instalação e até de fabricação. As normas brasileiras NBR-8160 e NBR-9060

NBR-8160:
Esta Norma estabelece as exigências e recomendações
relativas ao projeto, execução, ensaio e manutenção dos
sistemas prediais de esgoto sanitário, para atenderem
às exigências mínimas quanto à higiene, segurança e
conforto dos usuários, tendo em vista a qualidade destes
sistemas.

NBR-15097:

estabelecem uma série de padrões que devem ser seguidos pelo fabricante para que a bacia funcione bem não só para conter e expulsar os líquidos e sólidos provenientes do uso como também para garantir o escoamento correto dos dejetos pela canalização do esgoto até a rede pública. Vejamos alguns desses padrões:

1- NOME CORRETO DO APARELHO:

De acordo com a norma brasileira NBR-8160:

3.3 bacia sanitária: Aparelho sanitário destinado a receber
exclusivamente dejetos humanos.

2- ALTURA DA BACIA:

NBR-9050:
7.7.2.1 Altura da bacia
As bacias e assentos sanitários acessíveis não podem ter abertura frontal e devem estar a uma altura entre 0,43 m e 0,45 m do piso acabado, medidas a partir da borda superior sem o assento. Com o assento, esta altura deve ser de no máximo 0,46 m para as bacias de adulto, conforme Figura 103, e 0,36 m para as infantis.

é claro que não é possível e nem interessante seguir "à risca" os limites estabelecidos nas normas, mesmo por que não existe uma "altura padrão" ou uma "estatura padrão" para as pessoas e as pessoas de estatura baixa não estarão seguras e nem fisiologicamente bem assentadas se os pés não estiverem firmemente apoiados no chão. É difícil fazer força para expelir o número 2 se os pés não estiverem firmemente apoiados no chão.

Existem "soluções" para contornar este problema como os banquinhos de apoio para os pés como no exemplo a seguir:

A foto acima não foi feita exatamente para o problema em questão, como veremos mais à frente, mas serve para exemplificar o problema do apoio dos pés.

Bom mesmo é empregar a bacia de fixação na parede, mais conhecida como Bacia Suspensa, que pode atender essa questão das pessoas não só de baixa estatura como tabém dos "jogadores de basquete" que necessitam de bacias instaladas acima da altura regulamentar de 45 centímetros.

No futuro teremos bacias customizadas que poderão facilmente subir ou descer adaptando-se à altura ideal para cada pessoa da família.

3- RESISTÊNCIA DA BACIA:

Pessoas pesam. No Brasil, embora os elevadores considerem 70 kg como peso médio, a média do peso de pessoas é bem acima deste valor.

A norma brasileira considera não só o peso da "pessoa sentada" como essas pessoas em outras situações como:

1- a pessoa sentada se mexer, se acomodar para encontrar uma posição e postura melhor para fazer as suas necessidades fisiológicas;

2- fazer um uso diferente daquele para o qual a bacia foi fabricada como sentar-se na bacia para calçar o sapato ou até usar a bacia como apoio para alcançar lugares altos:

É claro que tais usos, embora não recomendados, não podem ser descartados, isto é, não é possível imaginar que estas situações nunca aconteçam, por que acontecem sempre.

A norma brasileira determina que uma bacia sanitária precisa ter a resistência suficiente para suportar um peso de 224 kgf e o ensaio laboratorial que verifica se uma determinada bacia pode ser considerada APROVADA neste quesito é regulada pela NBR-15097 e, em poucas palavras diz o seguinte:

que uma bacia submetida a um esforço de 224 kgf durante 2 minutos não pode apresentar trincas ou fissuras. Levando esta situação do ensaio, para a realidade, podemos imaginar que a bacia aguenta, sem rachar, o peso de uma pessoa de 224 kgf sentada, isto é, as coxas desta pessoa aplicam, cada uma, a força de 112 kgf em cada lado da bacia. 

Mas, acredito, devemos ser mais previdentes que a norma pois sabemos que é normal uma pessoa, sentada numa bacia, se remexer procurando uma posição mais confortável para fazer suas necessidades fisiológicas. Nessa remexida, jogamos o peso do corpo para uma das coxas e então se esta pessoa for aquela que pesa 224 kgf ela estará jogando todo esse peso de 224 kgf sobre uma das coxas e, por conseguinte, sobre um dos lados da bacia. Já que a bacia aguenta bem 112 kgf em cada lado, então podemos imaginar que uma pessoa pesando exatamente 112 kgf poderia se remexer, sentada na bacia, de um lado para outro sem que seu peso aplicado somente sobre um dos lados da bacia ultrapasse aquele que a bacia, por norma, seja obrigado a resistir.

Entretanto, no "Brasil Obeso" não é difícil encontrar pessoas pesando 120 ou 140 kgf. Então é valida esta preocupação aqui apresentada. Além do mais, as bacias sanitárias têm uma largura estreita, entre 35 e 40 centímetros e uma pessoa com um trazeiro um pouco avantajado poderá sentir um certo desconforto.

Como enfrentar? Uma sugestão é fazer uma adaptação com uma extensão do assento. Isso pode ser feito no Projeto Arquitetônico ou uma adaptação na barra de apoio. Veja uma lateral de apoio na mesma altura do assento sanitário onde um trazeiro largo poderá ficar confortavelmente assentado.

4- VOLUME DE ÁGUA:

A norma brasileira NBR-15097 esclarece sobre o volume de água utilizada na descarga de uma bacia sanitárial.

Veja o que determina a norma:

diz a norma que a água deve ser usada para:

1- Promover um bom desempenho do PRODUTO, isto é, a Bacia Sanitária. A água tem que ser suficiente para carregar todo o dejeto líquido (n~´umero um) e também o dejeto sólido (número dois) e;

2 - Promover um bom desempenho do SISTEMA, isto é, a água é o meio de transporte que leva os desejos até um ponto em que os dejetos são

Para verificar se determinada bacia é capaz de fazer todo esse desempenho, a norma NBR-15097-1 apresenta diversos ensaios pelos quais a bacia precisa ser aprovada para receber o Selo de Conformidade.

5- ENSAIO DE PASSAGEM DE ESFERA RÍGIDA:

Trata-se de um ensaio que verifica se uma esfera rígida medindo 40mm (4 centímetros), um pouco menor que uma bola de golfe (42,67mm) consegue passar livremente pela bacia, pelo sifão e pela abertura de saída:

6- ENSAIO DE REMOÇÃO DE ESFERAS:

Analisa quantidade de esferas que a descarga consegue levar.

7- ENSAIO DE REMOÇÃO DE GRÂNULOS:

Analisa a quantidade de uma mistura de Grânulos e de Esferas que a descarga consegur levar:

8- ENSAIO DE REMOÇÃO DE MÍDIA COMPOSTA:

Analisa a quantidade de folhas amassadas de papel kraft e de esponjas de poliuretano que a descarga consegue levar:

9- ENSAIO DE LAVAGEM DE PAREDE:

Analisa o quanto de uma risca feita com caneta hidrográfica lavável a descarga consegue apagar. São feitas 3 descargas e a cada descarga os traços vão sumindo. Depois de cada descarga, conta-se a quantidade de traços e mede o comprimento do maior deles.

10- ENSAIO DE RESPINGO DE ÁGUA:

Coloca-se uma placa de acrílico transparente sobre a Bacia e depois da descarga conta-se quantos respingos com diâmetro maior que 5 milímetros se formaram sob a placa.

11- MEDIÇÃO DO FECHO HÍDRICO:

A diferença de altura entre o nível da água no vaso e a posição da amídala do sifão determina a pressão máxima que a bacia resiste quando há tendência de retorno dos gases da canalização do esgoto.

 

12- ENSAIO DE TRANSPORTE DE SÓLIDOS:

Este é, talvez, o mais importante de todos pois garante o bom funcionamento da rede de coleta de esgotos.

A descarga, além de limpar a bacia sanitária, tem a função de transportar os desejos sólicos até um ponto em que não precisam ser mais transportados.

Relembrando as partes de uma rede de esgoto doméstico:

o tubo que sai da bacia sanitária se estende até a primeira Caixa de Inspeção. A caixa recebe o esgoto de outros aparelhos como lavatório, pia e tanques. O desejo sólido levado até a caixa pela água da descarga, pode ser transportado, ou pela água da descarga ou pela água que vem de outro aparelho, até a caixa de gordura e depois até a Fosse Séptica. Neste ponto, o desejo sólido sofre uma transformação e é dissolvido em partes menores.

Quando a Caixa de Inspeção fica muito distante da Bacia como no caso de uma casa construída nos fundos do terreno e em outras situações como as férias do pessoal, os desejos sólidos que não conseguiram ser transportados até uma caixa de inspeção ficam dentro do tubo, grudam nas paredes do tubo e chegam a ressecar.

A mesma situação pode acontecer num prédio de apartamentos onde uma parte dos moradores costuma ficar ausente por um período longo de tempo (período de férias, por exemplo). Ora, o volume de água utilizada pela bacia pode não ser suficiente para transportar todo o dejeto sólido até a distante Caixa de Inspeção, parando ou enroscando no meio do caminho, vindo a ser, no futuro, ponto de entupimento da rede:

O Ensaio de Transporte de Sólidos procura medir a capacidade que a descarga tem de transportar os desejos sólidos, isto é, até que distância uma única descarga cosegue levar os desejos sólidos.

O Manual de Operação, Uso e Manutenção das Edificações elaborado conforme a norma brasileira NBR-14.037 apresenta, obrigatoriamente, as condições e o traçado da rede de coleta e condução do esgoto sanitário e, com base nele, o condomínio poderá estabelecer a Vazão Mínima de uma descarga fornecendo, assim, importante parâmetro para a regulagem individual das Válvulas e Caixas de Descarga.

 

O Ensaio de Transporte de Sólidos, regulamentado no Anexo J da norma NBR-15097-1 realiza a contagem de esferas que "vão ficando pelo caminho" por que o volume de água que a descarga solta não é suficiente para transportar todas as esferas até um local em que os desejos sólidos podem ficar depositado, como numa Caixa de Inspeção.

O trecho em teste mede 18 metros, dividido em 6 trechos de 3 metros cada, e a descarga deve jogar água suficiente para transportar todos as esferas até o final do tubo de 18 metros. Partículas sólidas que acabam ficando no meio do caminho constituem pontos negativos para bacia ensaiada e quanto mais perto da bacia mais crítica será a eficiência da descarga.

13- POSIÇÃO SAUDÁVEL:

A posição física de um corpo humano para promover a saúde na evacuação de dejetos é objeto de discussão entre especialistas.

Não é intenção deste site indicar esta ou aquela posição mas apresentar os argumentos apresentados por aqueles que defendem a posição agachada.

No ocidente adotamos, como correta, a posição sentada e todos os aparelhos, partes e procedimentos são baseados nesta postura:

No oriente é adotada, como correta, a Posição Agachada e, da mesma forma que no ocidente, todos os aparelhos, partes e procedimentos são baseados nesta postura:

Os argumentos apresentados mostram a anatomia dos músculos da região retal onde o músculo puborretal mantém uma espécie de dobra do reto para manter fechado o tubo de modo que ao andar e também ao sentar-se não ocorra um vazamento "sem querer" do conteúdo retal. A situação mais crítica parece ocorrer quando uma pessoa sentada resolve levantar-se: como o músculo puborretal está segurando bem firme o esfíncter, o esforço muscular desenvolvido na região glútea para levantar-se não chega a expulsar, sem querer, o conteúdo do reto.

Algumas pessoas, parece, sentem o desconforto causado pela Posição Sentada e procuram uma posição, digamos, mais confortável.

Vejam as soluções comumente adotadas:

POSIÇÃO 1:

É uma posição adotada por algumas pessoas de ficar agachada POR CIMA DA BACIA SANITÁRIA:

não é uma posição muito recomendada pois as instalações da bacia e partes não foram projetadas para tal posição e a adoção desta posição poderá ocasionar algum acidente com queda.

É também a posição que é adotada por algumas pessoas principalmente em sanitários públicos (geralmente muito sujos) para que o corpo da pessoa não fique em contato direto com a suja bacia.

POSIÇÃO 2:

Emprego de um banquinho para manter os pés mais elevados do que o piso. É a solução quase ideal, exceto pelo fato do banquinho ficar solto e não ser possível exercer uma boa força sobre os pés. O banquinho solto não dá firmeza aos pés quando fizer o esforço para expelir o número 2.

O uso do banquinho é a solução que resolve também o problema das pessoas de baixa estatura que não alcançam o chão:

POSIÇÃO 3:

É a posição adotada no oriente, no Japão, Turquia e também em outros países. Tanto é que, por aqui, é conhecida como Bacia Turca. A figura mostra a posição clássica que é agachar de costas para a parede:

com uma pequena modificação: Em vez de agachar de costas para a parede, inverter a posição para ficar de frente para a parede, onde barras de apoio podem auxiliar no ato de agachar e levantar. Com o avançar da idade, os joelhos perdem a capacidade de levantar a pessoa e ela precisa usar as mãos não só para agachar como também e principalmente para levantar.

veja como ficariam as instalações sanitárias:

Barras de apoio, horizontal e vertical, auxiliam no agachar e no levantar. Quando ficamos muito tempo agachados, ao levantar sentimos, às vezes, uma certa tontura.

Veja mais desenhos ilustrativos:

existem restrições culturais e usuais em adotar esta posição de frente para a parede, tanto é que nos países onde se utiliza este tipo de bacia é costume ter um cartaz, na parede, orientando sobre a posição correta de uso:

 

NOTA: As informações contidas neste site são apresentadas com efeito pedagógico e se destinam a estudantes e, em especial, a projetistas de banheiros como elementos de reflexão sobre a funcionalidade da bacia sanitária. O autor é engenheiro civil, e quando chefiou o Laboratório de Construção Civil do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, desenvolveu inúmeras pesquisas sobre conforto, funcionalidade, segurança e salubridade nas edificações.

RMW\ocupacao\BACIA.htm em 20/12/2015, atualizado em 24/01/2017.