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Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios - ACREDITADOS

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Para que um Certificado emitido por um laboratório de ensaios possa merecer crédito, isto é, "ser acreditado", o Brasil possui duas entidades controladoras:

O INMETRO centificando os laboratórios e

o IBRACON certificando a mão de obra laboratorial.

Veja editorial do IBRACON Instituto Brasileiro do Concreto que retrata a grave situação brasileira de inexistênia de Laboratórios de Ensaios Acreditados no território nacional.

 

 

Comprometimento Profissional 

 

No último Congresso Brasileiro do Concreto, ocorrido em Maceió em outubro de 2012, cerca de 120 profissionais assistiram a apresentação oral do trabalho intitulado: “A Importância da Acreditação Laboratorial e da Certificação de Mão de Obra no Controle de Aceitação do Concreto” de autoria de Carromeu et al. 

Esses poucos profissionais ficaram chocados ao saber que apenas duas empresas de Laboratório de Controle do Brasil estão acreditadas pelo INMETRO, programa Rede Brasileira de Laboratórios
de Ensaio RBLE, para fazer ensaio de compressão na sede e ensaio de consistência, amostragem, moldagem e sazonamento em campo, ou seja, no canteiro de obras.

São apenas 20 os Laboratórios de Controle acreditados no país para fazer o ensaio de compressão axial numa sede fixa; desses, 15 estão em São Paulo.

Rio Grande Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Ceará e outras importantes praças, entre elas o DF, não têm sequer um único
Laboratório Acreditado.

ESTADO Número de Laboratórios
de Concreto - Acreditados
São Paulo 15
Rio de Janeiro 1
Goiás 1
Paraná 1
Pernambuco 1
Minas Gerais 1
AC AL AP AM BA CE DF
ES MA MT MS PB PA PI
RN RS RO RR SC SE TO
NENHUM

No entanto, nas obras, há centenas de autodenominados Laboratórios de Controle realizando o mais importante ensaio do setor, o de comprovação da conformidade da resistência à compressão do concreto, responsável pela segurança, estabilidade e durabilidade de, praticamente, 95% das estruturas de edificações e obras de arte do país.

Durante os profícuos debates ocorridos logo após a aterradora apresentação, profissionais e personalidades importantes do Mato Grosso do Sul e do DF declararam que fecharam seus laboratórios de Controle devido à concorrência desleal, predatória e aviltante de colegas que não controlam adequadamente, mas têm preços convidativos.

Depois da catástrofe do Edifício Liberdade no Rio de Janeiro, várias iniciativas têm defendido a importância de vistorias e inspeções. Hoje, tramita na Câmara, um projeto de lei com âmbito nacional, instituindo a obrigatoriedade de inspeções periódicas nas edificações públicas e privadas. Alguns Municípios e mesmo alguns Estados já publicaram leis e regulamentos a esse respeito na expectativa de reduzir tragédias.

O recente incêndio ocorrido em Santa Maria, evidenciou a inadequabilidade daquela edificação, sem condições de evacuação das pessoas, sem chuveiros tipo sprinkles, e revestida internamente com material combustível que liberou gás tóxico matando 241 jovens. Bastava ter obedecido algumas normas existentes mostrou claramente o relatório do CREA-RS.

Sabe-se também de inúmeros casos de obras entregues com problemas que atormentam seus usuários e exigem retrabalho e “pequenos consertos”, às vezes repetidos durante anos.

Fica então a pergunta: O que há de comum em todos esses lamentáveis episódios?

Em primeiro lugar, uma questão de raiz: O sistema CREA/CONFEA confere automaticamente a todos os egressos de toda e qualquer Universidade ou Faculdade de Engenharia do país a carteira de Habilitação Profissional, com poderes Totais e Vitalícios. Não faz o controle da verdadeira capacitação dos engenheiros com provas, exames ou análises de CVs, e confere as mesmas atribuições a um recém-formado que a um engenheiro sênior.

Em segundo lugar, uma questão de capacitação da mão de obra e dos profissionais: Poucos dos “chamados” Laboratórios de Controle e Ensaios estão acreditados na RBLE e menos ainda empregam laboratoristas certificados pelo IBRACON/INMETRO.

Também uma reduzida parcela dos 300mil profissionais de engenharia civil atuantes no Brasil frequentou eventos, congressos e palestras do setor, e menos ainda obteve atualização profissional em cursos de especialização, cursos de mestrado e doutorado profissionais ou acadêmicos.

Sabe-se que um projeto estrutural hoje para uma estrutura de concreto de edifícios que superem 5 pavimentos deve atender a pelo menos a 20 normas brasileiras, a saber: NBR 5674:2012; NBR 6118:2007; NBR 6120:2000; NBR 6122:2010; NBR 6123:1990; NBR 7191:1982; NBR 8953:2011; NBR ISO 9000:2000; NBR 12655:2007; NBR 14037:2011; NBR ISO 14040:2009;
NBR ISO 14044:2009; NBR 15200:2012; NBR 15421:2006;; NBR 15575:2008; NBR 15696:2009; NBR ISO 26000:2010, além das normas do Ministério do Trabalho, das Prefeituras e dos Bombeiros.

Parece evidente que construir, controlar ou projetar estruturas de concreto hoje exige uma equipe disciplinar ou, no mínimo, um profissional experiente, atualizado e com visão holística do problema.

A existência de normas, regras e leis, como a NBR 9077:1999, que regula saídas de emergência em edificações, não atendida pela Boate Kiss, não impede, por si só, tragédias.

A existência de mais de 20 normas, regras e leis para bem projetar uma estrutura de concreto não impede mazelas e tragédias, como a do Edifício Real Class em Belém do Pará.

A existência de normas claras para produção de concreto em Centrais e de normas completas para bem construir com pré-fabricação ou em canteiros de obras não é suficiente para impedir concretos e estruturas deficientes e mal construídas.

A existência de leis e normas obrigando inspeções periódicas em edificações não é suficiente para evitar tragédias, até porquê muitos colegas não estão preparados para a complexidade, que envolve ensaios específicos, que comporta uma inspeção de uma estrutura do ponto de vista estrutural.

O que pode estar faltando?

Talvez comprometimento, ética, conscientização e responsabilidade sejam as palavras de ordem, chaves e urgentes do setor.

Talvez uma “entidade” séria, ágil e competente, similar aos PROCONs, mas que defendesse a sociedade e os bons engenheiros, pudesse ajudar a criar uma cultura nacional sobre a segurança, o bem projetar e o bem construir. A ela, poderiam ser denunciados casos de incompetência, omissão, distorção do certo, desobediência à legislação e, com isso, elevar a qualidade do exercício profissional.

O que conforta é que os profissionais do bem ainda são a grande maioria.

O IBRACON, junto com ABECE e ALCONPAT , acabam de lançar um “Programa de Redução de riscos e aumento da vida útil das estruturas”, gerenciado pela competente empresa NGI, com apoio da ABESC, IBTS , ICZ, WEBER e outras que estão recémaderindo e fazendo sua parte e seu papel.

Venha se juntar a esse movimento de “comprometimento profissional”.

Abraços de
Paulo Helene
Sócio-Honorário


 

NOTA IMPORTANTE: A execução de toda e qualquer obra de concreto, por envolver questões de segurança e de responsabilidade civil, deve ser acompanhada por um técnico resposável com registro no Crea - Conselho Regional de Engenharia. As dicas acima são meramente ilustrativas e só tem valor didático. Pelo aspecto pedagógico envolvido, as matérias e figuras podem ser livremente copiadas e distribuídas.

ET-10\www\roberto\concreto\RBLE.htm em 19/09/2008, atualizado em 19/10/2018