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AS MARGENS DO RIO

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Entende-se como MARGEM de um rio, a linha que se situa entre a água e a terra.

Dito assim, parece fácil mas ao analisar algumas fotografias, surge-nos algumas dúvidas, como veremos a seguir:


DÚVIDA-1: 

Analise a foto abaixo e vamos tentar desenhar a margem do rio:

Se, por definição, a margem é a linha entre a água e a terra, então podemos supor que a margem deste rio é a linha vermelha desenhada ao longo da divisa entre a água e a terra:

Mas, o traçado feito na foto de cima não me parece correto pois os bancos de areia nos mostram que o rio chega a cobrir esta parte. Então, vamos tentar um outro traçado, beirando o barranco e a vegetação pois parece que em dias mais cheios o rio chega até lá. Veja como ficou na foto abaixo:


DÚVIDA-2:

Sabemos que existem muitos rios que não têm àgua numa parte do ano. No nordeste do Brasil encontramos muitos rios assim. Poderíamos então dizer que tais rios "não tem margem"?

Claro que não. Todo rio tem margens. Mas, se não tem água, como podemos determinar o local exato da margem?

A linha da margem seria ao longo entre a parte que não tem mato, que seria onde tinha água, e a parte que tem mato? Mas foto acima, vemos que há uma marca no pilar da ponte (ponte? ou seria um viaduto) mostrando a altura atingida pela água, quando o rio tem água e esta marca indica que o rio atinge bem mais que a linha vermelha que desenhamos.


DÚVIDA-3:

Por que precisamos saber o local exato da margem de um rio?

A Hidrologia considera o rio como um escoamento superficial e que é uma das fases do Ciclo Hidrológico e considera as águas que, por efeito da gavidade, se desloca na superfície da Terra.  O estudo do escoamento superficial engloba, portanto, desde a simples gota de chuva que, tombando sobre o solo saturado ou impermeável, escorre superficialmente, até o grande curso d'água que desemboca no mar.

Para nós, a determinação exata da localização das margens de um rio é importante para o planejamento da ocupação das "áreas secas" que são utilizadas para a construção de ruas, avenidas, estradas e edifícios como casa, sobrado, prédio, curral, silo, etc. e das "áreas molhadas" que são utilizadas para a construção de tomada d'água (local onde a Concessionária pega a água do rio), atracadouro (local onde estaciona os navios), canais de navegação, eclusas, vertedouro de barragens, etc.

Veja, no desenho seguinte, em qual das casas você gostaria de morar?

Você que gosta de peixe, pode pensar que a melhor casa é a Casa-1 pois fica bem perto do rio e para pescar não será preciso nem sair de casa. Mas, pelo jeito da areia espalhada em torno da casa, parece que a Casa-1 é alagada com qualquer chuvinha. Já pensou? Você tá dormindo e acorda com sua cama cercada de água!

A casa mais segura, contra enchentes, parece ser a Casa-4 pois fica acima da barranca do rio.


PROBLEMA QUASE COMUM:

Todo ano assistimos o notíciário contando casos de desastres em que uma obra construída com muito dinheiro foi "levada" pelas águas do rio. Não é raro assistirmos noticiário de casos em que a "chuva levou a estrada". Mas será que a "chuva leva estrada"? ou será que a estrada foi mal projetada e não prevendo ou pior não sabendo prever o tamanho da maior chuva foi simplesmente "levada pela chuva"?

Estradas são levadas pelo rio, barragens são levadas pelo rio e isto é o efeito de obras que são projetadas por pessoa sem a experiência necessária para projetá-las:

Diaem que a chuva causou enchentes, inundações e alagamentos e com muitos prejuízos e mortes. Mas será que a chuva é que invadiu as casas ou será que as casas que foram construídas "dentro" do rio?

Será que não foi possível determinar (ou calcular) com exatidão o nível exato da margem do rio? O homem "invadiu" a área do rio construindo em área que o rio costuma inundar de vez em quando?

Quem determina a localização da margem?

Algumas cidades teimam em permanecer "dentro" da calha do rio esperando a chuva desastrosa que um dia, certamente, virá.

SLP  PG


PERÍODO DE RETORNO:

A posição exata da margem vai depender das condições econômicas, ou melhor, do impacto econômico quando ocorrer uma grande enchente pois há construções como um chiqueiro que a gente até gostaria que uma chuva forte lavasse e deixasse bem limpinho então construímos o chiqueiro na área M-1 mas não é o caso de uma rua ou casa em que a gente faz questão de não ser invadido pela água do rio quando vier uma chuva forte.

Outras obras como a sede da fazenda não gostaríamos que fosse atingida por uma enchente, mesmo por que dentro da casa teremos peças valiosas como documentos e fotografias que não queremos que sejam atingidos pela água da enchente. Então vamos tratar de construir a casa em local alto que "nunca" será atingido por uma enchente. A Fluviologia (ciência que estuda o comportamento dos rios) sabe que de tempos em tempo ocorrem chuvas de grande intensidade. Chamamos esse período de Período de Retorno.

Veja mais detalhes em .

No Brasil, há LEIS que determinam que numa faixa com determinada largura ao longo do rio não pode haver nenhum tipo de construção (casa, prédio, rua, estrada, pilar da ponte). Veja quais são essas leis:

a tabela acima apresenta as várias leis sobre o assunto para que vocês possam imaginar o "cabo de guerra" que é sempre travado entre aqueles que querem preservar o meio ambiente e os proprietários de terras marginais que querem construir o máximo possível.

Veja o jeitinho brasileiro que a própria lei cria para burlá-la e assim a Lei Federal não precisa ser obedecida:

Bem, não é preciso ser muito inteligente para perceber as graves consequências dessa excessão. Veja alguns casos em que a Prefeitura faz "vista grossa" ou que a Câmara Municipal aprova leis que permitem construir numa área em que o rio vai avançar em algum período de recorrência futuro.

No caso da foto acima à direita, não é apenas as casas e o prédio que "avançam", até parece que criaram um aterro avançando para dentro do rio, mas também as ruas e também a estrada de ferro são obras que não deveriam estar lá pois são áreas onde o rio, quando ocorrem grandes cheias, avança, inunda e alaga, causando prejuizos com perdas materiais e prejuízos para a população.

NOTA IMPORTANTE:

Você até pode construir obedecendo a Lei (dos homens) mas a Lei da Natureza, conforme já alertava Leonardo da Vinci, é mais forte e quando vier a chuva extraordinária, seu investimento "irá pro brejo".

NOTA IMPORTANTE: Este site foi elaborado e é mantido por engenheiro que participou das obras hidráulica de porte da engenharia nacional como o Sistema Cantareira de Abastecimento de Água para a Grande São Paulo, o Emissãrio de Esgotos da cidade de Santos e as Hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipu e Tucuruí. Veja mais detalhes do currículo dele:

ET-12\fluvial\margem.htm em 30/12/2009, atualizado em 20/10/2024.