HABITABILIDADE |
Com a
rápida proliferação de academias encontramos uma em cada esquina, muito bonitas e
vistosas, mas será que os itens relativos à saúde estão sendo considerados? Academias e escolas de Ioga, de Ginástica, de Boxe,
de Dança, etc. visitando algumas dessas novas
academias, é fácil notar que o ambiente, muitas vezes bonito e harmonioso, apresenta
até um ótimo conforto para os freqüentadores inclusive com Ar Condicionado, serviço de
manobrista e outras instalações e serviços para o conforto dos freqüentadores. |
Entretanto, verificamos que na maioria delas, a questão da saúde dos usuários é negligenciada. São locais em que a disponibilidade de oxigênio é fator crítico, mas nem sempre isto é levado em consideração. QUAIS
SÃO AS NECESSIDADES DO ORGANISMO? Durante a prática de exercícios
físicos, o organismo necessita de uma oxigenação maior do que ele está acostumado. É
por isso que aumenta a freqüência respiratória. Mas o ambiente não oferece essa
quantidade adicional de oxigênio. Muito pelo contrário, o aparelho condicionador de ar
bloqueia a entrada de ar fresco e com todas aquelas pessoas praticando exercícios, o
ambiente de uma academia costuma ter muito menos oxigênio disponível. |
QUAIS SÃO OS EFITOS DA FALTA DE OXIGENAÇÃO: 1 O organismo se torna
mais ofegante, sinal claro de que está necessitando de mais oxigênio 2 Dispara a produção de
enzimas que produzem a sensação de cansaço. Isto é uma defesa do organismo, pois vendo
que o ambiente não tem oxigênio em quantidade requerida pelo metabolismo, diminui as
atividades físicas. 3 Produzem sonolência,
justamente para obrigar a uma diminuição de atividade física, que, por sua vez, reduz
as atividades mentais, ou seja, diminui a percepção, o reflexo e o raciocínio. 4 Não encontrando o
oxigênio no ar, então o organismo vai procurá-lo no cálcio dos músculos e isso vai
produzir dores musculares. É o mesmo fenômeno que acontece quando se dorme num quarto
fechado e que não oferece condições de renovação do ar. A gente acorda com dores pelo
corpo todo.
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Aliás, aqui vai uma dica: Quem sempre acorda com dores no corpo e já trocou o colchão diversas vezes, faça esta experiência: Durma com a janela e porta abertas. Permita que o quarto receba uma boa renovação de ar. Em pouco tempo você passará a acordar bem disposto e sem dores pelo corpo. |
O QUE FAZER? A questão é complexa e o melhor
mesmo é contratar alguém da equipe do professor Watanabe. Ele pesquisou a influência
das condições ambientas no metabolismo do corpo humano e fez isso no IPT, o famoso
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o mais avançado centro de estudos de habitabilidade
em climas tropicais. Só para vocês terem uma idéia
da complexidade. Imaginem uma academia instalada
na Avenida Paulista, em São Paulo. Ela é um corredor de ônibus e fica o tempo todo
congestionado. Na Paulista não existe horário de rush: O congestionamento é
o tempo todo, com ônibus jogando toneladas e mais toneladas de CO2 na
atmosfera. Ora, até estudantes do ensino fundamental sabe que o gás carbônico é pesado
e prefere ficar nas partes baixas. Não é como o gás hélio que é leve e quando
colocado dentro de uma bexiga de borracha quer subir rapidamente para o alto. Vocês já viram aquela
fumacinha de gelo seco que soltam nos espetáculos de rock? Pois é: É puro
gás carbônico. E vocês repararam que a fumacinha vai andando bem junto ao
chão, quase rastejando? |
Então nesta academia o problema
é grave e complexo. Dentro, o ar está saturado de gás carbônico que nós mesmos
expelimos. Fora, também está saturado com gás carbônico dos ônibus. Então onde está
o oxigênio que o corpo tanto necessita? Lembrem-se que mesmo o ar puro da montanha não
tem mais que 20,93% de oxigênio.
Lembre-se também o que acontece quando os jogadores da Seleção Brasileira vão jogar em local de grande altutide como Bogotá onde o ar é rarefeito e tem muito pouco oxigênio no ar.
Em locais de baixa oxigenação começa a ocorrer um fenômeno conhecido como hipóxia e o organismo entra em estado de atenção. Cai a percepção, dá sonolência, pode ocorrer uma leve euforia, prostração, fadiga, náuseas e desmaios. A pessoa fica ofegante e começa a passar mal. Pensa que foi do exercício intenso mas na verdade é falta de oxigênio. Esta situação pode ser agravada pelo exercício intenso e pode resultar traumas e edemas. Se num simples quarto de dormir precisamos de ao menos 24 metros cúbicos de renovação de ar, então imaginem quanto ar renovado precisa uma academia de ginástica.
Veja como é feito o cálculo de renovação mínima para assegurar o bom metabolismo do corpo humano. Clique aqui.
Não basta melhorar apenas o Conforto Térmico do local como eu tenho visto por aí. É necessário que o local apresente as condições mínimas para o metabolismo do corpo humano em função do tipo de atividade desenvolvida. Em muitas escolas se colocam 50 alunos numa sala de aula projetada para 30. O resultado é sonolência, perda de memorização, aumento da irritação e agressividade - os professores ficam mais intolerantes e os alunos mais agressivos.
Pois é, essa questão de saúde nas academias é muito séria e complexa e deve ser estudada por especialistas, como o professor Watanabe, que vai até o local, visita DENTRO e FORA. Dentro, para levantar as necessidades dos praticantes de exercícios (quantos metros cúbicos de ar fresco por hora). Fora, para levantar a disponibilidade de ar fresco na vizinhança.
É claro que este problema não ocorre apenas em academias de ginástica. Também ocorre nas salas de aula, nas igrejas, nos auditórios, cinemas, teatros, churrascarias, etc. Pior caso ocorre em hospitais - os médicos diagnosticando que o paciente está com hipóxia, isto é, baixa taxa de oxigênio e ele nem desconfia que o ar do quarto é que não tem a taxa adequada de oxigênio.
Bem .... se mesmo depois dessas explicações você ainda acha o assunto meio complicado, poderemos oferecer outras sugestões bem mais simples e amenas ...
Vamos imaginar uma academia com capacidade para 100 pessoas.
Na tabela de Nº 4, vemos que uma pessoa praticando esporte leve vai precisar de 45 metros cubidos de renovação de ar por hora. Já uma pessoa no recinto do SPINNIG (atividade forçada) vai necessitar de 51 m3/h de renovação de ar.
Para simplificar os cálculos, vamos imaginar que esta academia não tenha spinnig nem aeróbica, ficando apenas com os exercícios leves. Cada praticante estaria necessitando de 45 m3/h de renovação, a academia lotada de 100 X 45 = 4.500 m3/h de renovação.
Vamos imaginar (e isso é difícil em cidade como São Paulo) que o ar externo propicie 20,93% de concentração de oxigênio por metro cúbico.
Entao, para propiciar ambiente saudável para a prática do exercício, a academia irá necessitar intalar apenas 6 ventiladores axiais de 30 centímetros de diãmetro, sendo 3 ventiladores girando no sentido de introduzir (insuflar) o ar externo e outros 3 girando para expelir (exaustar) o ar interno.
Cada ventilador axial de 30 cm produz uma vazão de 1.500 m3 por hora de ar. Lembre-se que esse valor é um valor nominal. Na prática, cada marca possui uma vazão própria em função da rotação do motor e do formato das pás. Também devemos tomar cuidado pois muitos fabricantes colocam determinados valores no catálogo (isso quando têm catálogo) mas se a gente solicitar um Ensaio de Vazão no IPT, por exemplo, vai constatar um valor real bem menor que aquele dado pelo fabricante.
Cada um desses 6 ventiladores precisam estar instalados em alturas e localizações que propiciem uma movimentação uniforme do ar por todo o salão da academia além de manter uma certa distância das pessoas para que não produza nas pessoas ventos com mais de 1,5 metros por segundo, veja Tabela 5 .
Quando o salão da academia não oferece as condições mínimas de renovação de ar, não estará oferecendo ao corpo humano a quantidade mínima de oxigênio que ele precisa para realizar adequadamente o metabolismo (queimar as calorias). Significa que a pessoa vai ficar ofegante por falta de oxigênio. Além de ficar ofegante vai suar muito (pois está passando mal) e, por incrível que possa parecer, ela vai ficar extremamente feliz dizendo que "malhou muito e que suou muito".
ET-11\habitabilidade\hab17.htm em 23/02/2005, atualizado em 20/07/2019 .