CONTENÇÃO DE TERRA

SOLOS TROPICAIS

15

 

1 - FORMAÇÃO DOS SOLOS

 

SOLO LATERÍTICO:

Em latim, LATER = TIJOLO.

Solo superficial típico de áreas bem drenadas de regiões tropicais úmidas, resultantes de uma transformação da parte superior do solo pela atuação do intemperismo, processo este denominado laterização.

A característica mais marcate no processo é o enriquecimento do solo com óxidos hidratados de ferro ou alumínio e a permanência da caulinita. Estes minenrais conferem ao solo a coloração típica: vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.

 

SOLO SAPROLÍTICO:

Em grego, SAPRO = PODRE.

Decomposição da rocha matriz pela ação das intempéries e permanecem no mesmo lugar em que se encontravam em estado pétreo.

Material, em geral, bastante heterogêneo e constituído por uma meneralogia complexa contendo minerais ainda em fase de decomposição.

 

2 - BASE DE PAVIMENTO DE LEITO CARROÇÁVEL - HISTÓRICO

Em países de clima frio, o dimensionamento do pavimento de vias carroçáveis é feito para garantir a drenagem adequada durante o degelo e para absorver a expansibilidade da água durante o congelamento no inverno.

Trata-se de um procedimento de custo elevado pois é necessário um controle rigoroso do limite de liquidez e índice de plasticidade dos finos e o emprego de materiais pétreos para suportar bem as condições climáticas adversas com congelamento no inverno e descongelamento na primavera.

O Brasil vinha adotando, e ainda adota, até a década de 70 os mesmos critérios adotados nos paises de primeiro mundo (coincidentemente de clima frio) dimensionando e executando os pavimentos das vias carroçáveis resistentes o bastante para aguentar o congelamento e o descongelamento.

Isso sai caro.

O que aconteceu na dácada de 70?

Diversos pesquisadores se lançaram à pesquisa do emprego de Solos Lateríticos, abundante no Brasil, com algumas vantagens como a facilidade no dimensionamento e baixo custo na execução, sem prejuízo para a resistência e durabilidade do pavimento.

Nos grandes centros urbanos é possível, ainda, fazer o dimensionamento e o controle com base nas recomendações da AASHTO pois, as Prefeituras mais ricas, possuem infraestrutura e recursos financeiros para isso.

Entretanto, na grande maioria dos municípios brasileiros não encontramos a infraestrutura de dimensionamento e execução de pavimentos nos padrões da AASHTO, principalmente no tocante aos recursos financeiros, mesmo quando dispõem de recursos humanos em qualidade e quantidade.

Ao mesmo tempo, usam , em geral, empresas de pequeno porte com equipamentos nem sempre adequados e geralmente sem recursos para um controle tecnológico adequado.

A liberação do serviço executado (ou mal executado) normalmente é feita por profissional que, em geral, não são engenheiros ficando na dependência do zelo de encarregados de obra, profissional não qualificado para a aceitação e liberação técnica dos serviços executados.

Tudo isso resulta em pavimentos mal executados, do ponto de vista da AASHTO, de baixa capacidade de tráfego e durabilidade limitada.

Mesmo nas cidades ricas encontramos dificuldades pois a oferta de materiais pétreos é disputada com o crescente mercado imobiliário que são obrigados a “importar” areia e brita de mineradoras distantes o que torna o custo já elevado mais elevado ainda.

O MAIOR IMPECILHO

Há também parcela do subdesenvolvimento cultural que assume como indiscutível a adoção  de “Normas Internacionais”. Esta caracterísitica se torna evidente quando os trabalhos de pavimentação devem passar pelo crivo de Tribunais de Contas onde leigos decidem sobre a aceitação ou não de serviços de pavimentação rodoviária, coisa que, como estamos vendo, é nebuloso até para engenheiros especializados em pavimentação.

Aqueles que desenvolveram os métodos de projeto, execução e controle de pavimentos nos EUA levaram em consideração as condições climáticas rigorosas e à dificuldade de encontrar materiais adequados para que o pavimento suportassem bem o ciclo de congelamento e descongelamento.

Estas condições climáticas extremas não existe na grande maioria do território brasileiro. Então, por que pagar por um pavimento caro projetado para condições que jamais ocorrerão ao longo da vida útil do pavimento?

 

3 - BUSCANDO UMA SOLUÇÃO BRASILEIRA (PARA SOLOS TROPICAIS)

Tentando fugir dos altos custos de pavimentação com materiais pétreos, empregou-se durante algum tempo o material denominado Solo-Cimento que embora de menor custo ainda eram inviáveis, economicamente, para grande parcela dos municípios brasileiros.

Com o emprego, meio que às escuras, de solo local, em especial argilo-arenosos como Base em vias vicinais, constatou-se elevado CBR e este resultado positivo estimulou e ampliou o emprego de solo local até em rodovias e mais tarde também em vias urbanas.

No estado de São Paulo, onde ocorreu a maior expansão do uso desses solos predomina o solo arenoso laterítico de granulação fina conhecido como Solo Arenoso Fino Laterítico - SAFL.

Era um procedimento mais simples, condenável pelos especialistas, que se resumia numa base executada com solos locais que recebia uma camada delgada, 4 centímetros, de macadame betuminoso selado .

Só o fato de não se necessitar de Brita já era uma grande conquista pois, alé do custo eliminou-se a compactação de brita. O uso de solo local eliminou o transporte de grande volume de material a grandes distâncias.

4 - UM NOVO MÉTODO PARA CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS (próprio para solos tropicais, com no Brasil)

As inúmeras pesquisas levadas a efeito resultaram na elaboração do Método MCT - Miniatura, Compactado, Tropical.

Abandonando parâmetros do solo como Granulometria, Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade, a metodologia MCT separa os solos em 2 grandes grupos:

1 - Solo de Comportamento Laterítico:

LA - Areia Laterítica Quartzosa;

LA' - Solo Arenoso Laterítico;

LG' - Solo Argiloso Laterítico.

2 - Solo de Compartamento Não-Laterítico.

NA - Areia e Silte e misturas de areia e silte com predominância de grão de quartzo e/ou mica, não laterítico;

NA' - Misturas de areia quartzosas com finos de comportamento não leterítico (solo arenoso);

NS' - Solo Siltoso não laterítico;

NG' - Solo Argiloso não laterítico.

As diversas classes foram distpostas em um desenho, na verdade um ábaco, com base no Coeficiente de Deformabilidade e no Índice de Expansibilidade:

Para obter a classificação da amostra, realiza-se o ensaio denominado Ensaio de Compactação Mini-MCV que nos fornece o c' e o d' e o ensaio denominado Ensaio de Perda de Massa por Imersão que nos fornece o e'.

dEXEMPLO:

A amostra de um certo solo submetida aos ensaios Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão forneceu:

c' =1,33

e' = 0,74

entrando com esses valores no ábaro, teremos:

 

RMW\terrapleno\SolosTropicais.htm em 26/12/2009, atualizado em 17/07/2014.