11 - BARREIRA DE CONCRETO

 Dispositivo rígido e contínuo a ser implantado ao longo das vias públicas com forma e dimensões tais que, quando colididos por veículos desgovernados, reconduzem estes veículos à pista com desacelerações suportáveis pelo corpo humano e com os menores danos possíveis aos veículos e ao próprio dispositivo, de modo a evitar que estes veículos tenham seus acidentes agravados por outros fatores, como por exemplo: travessia de canteiro central seguida de choque frontal contra outro veículo, quedas em precipícios, colisão com elementos físicos, como pilares de obras de arte, postes de utilidade, árvores e postes de sinalização. [NBR-14885 3.2].

Veja uma montagem feita  pelo engenheiro Roberto Massaru Watanabe: 

       
         

SEM CONTROLE:

Veículos automotores terrestres (automóveis, peruas, pick-ups, caminhões, ônibus, carretas etc.) ficam desgovernados sem avisar.

O estouro de um pneu é uma situação em que o veículo fica desgovernado (sem controle) e é considerada normal (prevista em norma) sendo um Evento Esperado, tanto é que todo veículo transporta um estepe para substituir o pneu furado e também um macaco para que o próprio motorista faça a substituição.

Outras causas, além do estouro de pneus podem ser: derrapagem (óleo na pista), animais na pista, pedestres, aquaplanagem (poça d'água), ofuscamento (farol de veículo em sentido contrário), fumaça densa (queimada no pasto), neblina, chuva forte, granizo, vento lateral e até distrações consequente de bela paisagem, outdoors, conversa com passageiros, troca de estação de rádio, regulagem do ar condicionado, acender o cigarro, etc.

Para proteção do motorista e dos passageiros, os veículos são dotados, e em alguns países são obrigatórios, de air-bags e outros dispositivos para a segurança do veículo e de seus ocupantes.

Trafegando por uma via (estrada, avenida ou rua), qualquer veículo, com a manutenção em dia ou não, corre o risco de ficar desgovernado: O estouro de um pneu, uma pequena distração do motorista que foi mudar a estação do rádio, um vento lateral repentino, uma mancha de óleo na pista, uma poça d'água, um buraco, uma criança atrás da bola e muitas outras causas podem desgovernar o veículo, fazendo com que o motorista perca o controle do mesmo.

Para evitar que o veículo desgovernado:

1 - atinja componentes instalados na lateral da pista como parada de ônibus, banca de jornal, caixa de correio, poste de iluminação, poste de sinalização, radares, árvores, placas de orientação, etc;

2 - atravesse para a outra faixa em sentido contrário de tráfego;

3 - caia para fora de pistas altas localizadas na borda de taludes;

4 - caia para fora de pistas altas localizadas sobre pontes e viadutos;

Existe um componente de segurança conhecido genericamente como "BARREIRA DE CONCRETO" que garante a segurança, "barrando" e "segurando" o veículo para que as consequências do acidente não sejam catastróficas, isto é, que veículo não prossiga nesta tentativa maluca e sem controle de se lançar de uma grande altura e causar um desastre cinematográfico. Não confunda "barreira" com um monte de barro que se forma nas enxurradas de chuvas de verão.

Chamamos de dispositivo de "segurança" por que ele "segura" e "impede", ao contrário de uma fita zebrada amarelo/preto que é um dispositivo "sinalizador" e nunca de "segurança" pois ele sinaliza, indica um perigo mas não impede.

Segundo o DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, barreira de concreto é um dispositivo de segurança com forma, dimensões e resistência capazes de fazer com que veículos desgovernados sejam reconduzidos à pista causando o mínimo de danos ao veículo, seus ocupantes e ao próprio dispositivo.

INVENTOR DA BARREIRA DE CONCRETO:

No mundo, quem primeiro andou estudando esses componentes de segurança foi o Departamento de Trânsito da cidade de Nova Jersey, nos EUA, desenvolvendo inúmeras pesquisas sobre o comportamento de veículos e também de condutores na situação em que ocorre, repentinamente, um fato inesperado como o estouro de um pneu, uma derrapagem por óleo na pista ou uma simples distração. Mais tarde, a AASHTO - American Association of State Highway and Transportation Officials tornou obrigatória, diretrizes e recomendações de muitas conclusões desstes estudos.

Situações críticas ocorrem com maior frequência em vias de longo percurso pois os condutores ficam submetidos a um cansaço e uma monotonia que produz sonolências.

Outra situação em que ocorrem distrações frequentes é no trânsito urbano de cidades onde o condutor pode ser sobrecarregado por outras funções, estranhas à função de "conduzir" o veículo, como orientar passageiros sobre itinerários, pontos de parada, exercer a função de cobrador (ou trocador), controlar crianças bagunceiras, ajudar o embarque e desembarque de cadeirantes e portadores de deficiências em geral. Com tudo isso, o motorista vai ficando estressado.

Outra causa bastante frequente de distração são os problemas pessoais como os financeiros, brigas de casais, doenças de filhos e outros que não deixam a pessoa, o motorista, se concentrar no serviço.

A BARREIRA DE CONCRETO TIPO NEW JERSEY:

O componente básico de segurança na via, elaborado pelos estudos em Nova Jersey é a Barreira New Jersey. Trata-se de um componente rígido, confeccionado com concreto armado de alta resistência e que tem a seguinte forma padronizada:

A superfície de deslizamento é constituída de três partes:

a) GUIA: um plano vertical cuja função é redirecionar a roda no sentido longitudinal;

b) RAMPA: um plano inclinado que sustenta a roda e o veículo inclinado tende a voltar para a pista;

c) MURETA: um plano inclinado, quase vertical, que bloqueia o avanço do veículo para o outro lado. A altura H da mureta é fixada em função do centro de gravidade do veículo autorizado a trafegar pela via. Vias locais em que é permitido somente veículos de passeio e pick-ups, que têm centro de gravidade baixo, a mureta é igualmente baixa. Em vias expressas onde é permitido o tráfego de caminhões grandes como aqueles que transportam combustíveis e que possuem centro de gravidade alta, a mureta é igualmente alta.

A escolha desta forma foi feita pois ela permite duas coisas:

1 - "segura" o veiculo, evitando que saia da pista indo parar na outra pista ou caia em um ribanceira ou caia de uma ponte ou viaduto;

2 - "devolve" o veículo desgovernado, direcionando as rodas no sentido longitudinal da pista.

Naturalmente, a forma final não foi concebida "logo de cara" sendo proposta diversas formas e após incansáveis testes em campos de prova a forma final foi sendo aperfeiçoada à medida em que se adquiria conhecimento sobre os fenômenos envolvidos em uma situação de veículo desgovernado.

Duas situações são previstas para a proteção feita pela Barreira New Jersey:

SITUAÇÃO I - Veículo desgovernado com pequeno ângulo de ataque:

Nesta situação, o veículo sai do alinhamento da rota com um desvio relativamente pequeno. É o que ocorre, por exemplo, quando o condutor cansado começa a dar pequenos cochilos ao volante ou o veículo sofre derrapagem (óleo ou água) num trecho reto.

Ao deslocar-se para a lateral, a roda da frente encosta na "GUIA", que é a parte baixa da Barreira, produzindo o direcionamento da roda para a direção longitudinal. Observe como é importante a altura de 7,5 centímetros da Guia.

Tachas instaladas junto à guia produzem trepidações no veículo que fazem o motorista "acordar" do cochilo.

SITUAÇÃO II - Veículo desgovernado com grande ângulo de ataque:

No caso do ângulo de ataque ser maior que 100 (dez graus), a roda da frente "sobe" pela Barreira e a inclinação da Rampa onde o veículo fica inclinado força a volta do veículo para a faixa de rolamento:

Para evitar que o veículo desgovernado tenha a chance de desenvolver uma rota com ângulos de ataque excessivamente elevados, deve-se evitar pistas com muitas faixas de rolamento:

Recomenda-se pistas com no máximo 3 faixas de rolamento:

Neste caso, a rodovia ficará segregada em diversas pistas, mesmo que o sentido de direção seja o mesmo. A pista com poucas faixas não permite o desenvolvimento de trajetórias transversais críticas.

Nas pontes e viadutos, é importante a existência de BARREIRA DE CONCRETO para "barrar" e "segurar" veículos que eventualmente venham a se desgovernar, quer por colapso próprio, quer por fechadas recebidas ou mesmo por derrapagens na pista. Dissemos que é "importante" mas, na verdade, é "obrigatória".

A Barreira de Concreto, muitas vezes chamada de Defensa, é um componente de segurança que SEGURA o veículo desgovernado evitando que ele seja projetado para fora da pista, passando por cima de pedestres e rompendo frágeis corrimões dos viadutos antigos:

Urge que o poder público responsável pela segurança da via estabeleça plano de atualização viária incorporando todas as exigências das normas e leis vigentes. O Ministério Público tem um papel especial chamando os órgãos responsáveis e estabelendo TACs para que, num prazo razoável, todas as vias sejam atualizadas.

A Barreira de Concreto tem a capacidade de segurar veículos desgovernados como ônibus e caminhões pesados. Veja quanto a barreira deve aguentar:

 

A Barreira de Concreto em Pontos de Ônibus dá segurança às pessoas evitando não apenas o avanço de veículos como também de partes do veículo como rodas que escapando do veículo podem atingir as pessoas no ponto. A foto seguinte mostra um ponto de ônibus na Via Anhanguera que possui proteção por Barreira de Concreto (indicada como DEFENSA), além de via lateral para o  ônibus não ficar parado no meio da pista. Mais detalhes de como deve ser um PONTO DE ÔNIBUS em www.ebanataw.com.br/trafegando/pontodeonibus.htm.

BARREIRA DE CONCRETO BEM SEGURA:

Para desempenhar adequadamente sua função de "segurar" o baque do veículo desgovernado, a Barreira de Concreto deve estar firmemente "agarrada" no solo (ou ponte, ou viaduto). As normas da AASHTO recomendam que armaduras de aço sejam chumbadas na base da via ou na viga estrutural da ponte ou viaduto.

A bitola (diâmetro) da armadura, a sua quantidade e espaçamento (distância entre uma barra e outra) devem ser calculadas por um engenheiro civil com especialidade em Estruturas levando-se em consideração a velocidade em que ocorreria o choque (isso depende se o trecho da via é de subida, plano ou em declive) e a classe da rodovia que determina a velocidade diretriz e os tipos de veículos como automóveis, ônibus e caminhões autorizados a trafegarem por aquela via.

A norma brasileira NBR-14885 determina que a Barreira de Concreto deve suportar a aplicação de uma força no sentido transversal, de dentro para fora da pista, de no mínimo 200 kN (quilo Newtons) que quer dizer 20.000 kgf ou 20 toneladas, aplicada no topo da Barreira de Concreto e esse esforço deve ser transmitido à estrutura da ponte ou ao solo por meio de componentes apropriados de transferência horizontal.

4.1.1 As barreiras de concreto devem ser projetadas de acordo com as disposições da NBR-6118 para resistir a uma solicitação transversal de uma carga dinâmica concentrada, aplicada na borda supeior da barreira, de dentro para fora da pista, de, no mínimo, 200 kN.

  

É por isso que a Barreira de Concreto deve ser calculada por Engenheiro Civil com especialização em Estruturas de Concreto Armado pois deve levar em consideração o peso do veículo, a velocidade e a curvatura da pista e ser capaz de segurar o impacto de uma força centrífuga (para fora) calculada com base na massa do veículo, a velocidade do veículo no momento do impacto ao longo de uma curva de raio "r" e ainda se o trecho é subida ou descida. O órgão controlador da via, seja o DER estadual, o DNIT federal ou a Secretaria da Prefeitura, deve exigir a ART - Anotação de Responsabilidade Técnica do engenheiro que projetou, calculou e dimensionou a Barreira de Concreto. Saiba mais sobre ART em http://www.ebanataw.com.br/roberto/pericias/art.htm

NÃO É PERMITIDO:

A Barreira de Concreto, pelo papel crítico que ela exerce numa situação de veículo desgovernado, fazendo, muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte dos ocupantes de um veículo acidentado, deve ser construída com cuidado e se evitar a colocação e a instalação de componentes estranhos que possam comprometer a eficiência da Barreira de Concreto na sua função de proteger as pessoas.

A norma não permite frestas e aberturas de mais de 50 milímetros (ou 5 centímetros) na continuidade da Barreira de Concreto, que deve ser contínua a fim de que ela cumpra o seu papel de devolver o veículo desgovernado à pista. Ver item 4.2.4 da norma NBR-14885.

Situações como a das fotos abaixo são totalmente contra a segurança da via e deve ser imediatamente eliminada. Um veículo que venha a se chocar de quina irá, certamente, capotar e a Bareira de Concreto que deveria proteger o veículo e as pessoas será justamente a vilã (a causadora) do desastre causando o capotamento do veículo. Os responsáveis pela segurança da via, ao constatar falhas deste tipo devem proceder à interdição imediata da via e ordenar a correção da falha:

Esta é uma outra situação em que um veículo desgovernado, ao tangenciar a Barreira de Concreto, em vez dela e redirecionar o veículo na direção do fluxo irá causa seu rodopio e até seu capotamento:

Nesta outra situação, um veículo desgovernado, além de enroscar na quina da Barreira de Concreto, poderá ser cortado pelas lâminas metálicas afiadas da cerca metálica.

A cerca metálica não serve como BARREIRA pois ela não foi feita para suportar esforços transversais. Veja mais detalhes sobre o Guard-Rail em .

A norma determina, ainda, que deve haver uma espaço livre entre a Linha de Borda (LBO) que demarca o limite do leito carroçável e a borda da Defensa (item 4.2.5.1):

Também determina que entre a LBO e a Defensa não pode haver meio-fio, também conhecida como guia:

Nem valeta de drenagem:

Qualquer desses obstáculos irá favorecer o tombamento do veículo. Veja um caso real de grande perigo pois a guia existente, antes do veículo atingir a Barreira de Concreto, irá funcionar como um trampolim e vai projetar o veículo para o alto podendo até o veículo sair "voando" por cima da Barreira de Concreto, invadir a outra pista e chocar-se contra outro veículo que venha em sentido contrário:

NÃO É BARREIRA DE CONCRETO:

Não pode ser considerada "Barreira de Concreto", simples componentes de sinalização como cones e picolés ou blocos de concreto simplesmente colocados sobre a pista de rolamento ou componentes frágeis como aqueles fabricados em material plástico que podem até ter a aparência de uma Barreira de Concreto mas que não possuem a capacidade de suportar o impacto de um veículo desgovernado.

INTERDIÇÃO IMEDIATA:

Trechos críticos como pontes, viadutos, beira de barrancos, ponto de parada de ônibus e outros devem ser imediatamente interditados para a construção de Barreiras de Concreto pois são peças rústicas que não requerem acabamento e são de custo relativamente baixo e que podem evitar mortes quando ocorrerem veículos desgovernados:

Infelizmente, a maior parte das rodovias e vias (rurais e urbanas) brasileiras foram construídas em época que trafegava carroças puxadas por animais e não estão preparadas para oferecer a segurança necessária para os motoristas, passageiros e pedestres. Caso você, cidadão, fizer uma reclamação na Prefeitura ou no órgão de trânsito e segurança viária e não for atendido, poderá efetuar uma Denúncia junto ao Ministério Público da sua Comarca. Veja como funciona o Ministério Público em www.ebanataw.com.br/mp/

REGULAMENTAÇÃO:

No Brasil, o uso, projeto e cálculo das Barreiras de Concreto são regulamentadas por normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas com normas como a NBR-14885 Segurança no Tráfego - Barreiras de Concreto, também por normas do DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, órgão do Ministério dos Transportes como a DNIT-109 Segurança no Tráfego Rodoviário.

A norma NBR-15486 estabelece os critérios para a comprovação da eficácia da Barreira de Concreto:

O calculista da Barreira de Concreto deve atender a 3 critérios que são:

1- Nível de Contenção;

2- Índice de Severidade e

3- Espaço de Trabalho.

NIVEL DE CONTENÇÃO:

O nível de contenção é determinado por normas européias e americanas.

A norma européia EN-1317 considera a velocidade do impacto, o ângulo de impacto, a massa do veículo e o tipo de veículo. Veja a Tabela 3 da NBR-15486:

Tabela 3:

ENSAIO

VELOCIDADE
DE IMPACTO
[KM/H]
ÂNGULO
DE IMPACTO
[GRAUS]
MASSA TOTAL
DO VEÍCULO
[KG]
TIPO DE VEÍCULO
TB11 100 20 900 Carro
TB21 80 8 1.300 Carro
TB22 80 15 1.300 Carro
TB31 80 20 1.500 Carro
TB32 110 20 1.500 Carro
TB41 70 8 10.000 Caminhão
TB42 70 15 10.000 Caminhão
TB51 70 20 13.000 Ônibus
TB61 80 20 16.000 Caminhão
TB71 65 20 30.000 Caminhão
TB81 65 20 38.000 Caminhão Articulado

Tabela 4:

Nível de Contenção Combinação de Ensaios
T1 TB21
T2 TB22
T3 TB21 + TB41
N1 TB31
N2 TB11 + TB32
H1 TB11 + TB42
L1 TB11 + TB32 + TB42
H2 TB11 + TB51
L2 TB11 + TB32 + TB51
H3 TB11 + TB61
L3 TB11 + TB32 + TB61
H4a TB11 + TB71
L4a TB11 + TB32 +TB71
H4b TB11 + TB81
L4b TB11 + TB32 +TB81

A norma americana NCHRP 350 considera o tipo de veículo, a velocidade de impacto e o ângulo de impacto:

Tabela 5:

Nível de
Contenção
Copmbinação
de Ensaios
Velocidade
de Impacto
[km/h]
Ângulo de
Impacto
[graus]
TL1 820C 50 20
1.000P 50 25
TL2 820C 70 20
2.000P 70 25
TL3 820C 100 20
2.000P 100 25
TL4 820C 100 20
2.000P 100 25
8.000S 80 15
TL5 820C 100 20
2.000-P 100 25
36.000V 80 15
TL6 820C 100 20
2.000P 100 25
36.000T 80 15

Classes dos Níveis de Contenção:

Classificação EN 1317-2 NCHRP 350
Muito Alta H4a, H4b, L4a e L4b TL5 e TL6
Alta H1, H2, H3, L1, L2 e L3 TL4, TL5 e TL6
Normal N1 e N2 TL3
Temporária T1, T2 e T3 TL1, TL2 e TL3

ÍNDICE DE SEVERIDADE:

O nível de severidade reflete o nível de segurança para os ocupantes do veículo, sendo o nível A mais seguro que o nível B e o nível B mais seguros que o nível C.

Tabela 8:

Nível da
Severidade
do Impacto
Valor do Índice
A ASI <= 1 e THIV <= 33 km/h
B 1 < ASI <=1,4
C 1,4 < ASI <= 1,9

ESPAÇO DE TRABALHO:

Espaço de Trabalho [W] é a distância medida entre a face voltada ao tráfego do dispositivo de contenção, antes do impacto, até o ponto mais externo do dispositivo, em fase dinâmica, decorrente do impacto.

Tabela 9: Espaço de Trabalho conforme EN-1317:

Níveis do
Espaço de
Trabalho
Espaço de
Trabalho
[m]
W1 ≤ 0,6
W2 ≤ 0,8
W3 ≤ 1,0
W4 ≤ 1,3
W5 ≤ 1,7
W6 ≤ 2,1
W7 ≤ 2,5
W8 ≤ 3,5

INTRUSÃO:

Intrusão no espaço aéreo, tanto na horizontal como na vertical:

TAbela 10:

Níveis de
Intrusão
Intrusão
[m]
I1 ≤ 0,6
I2 ≤ 0,8
I3 ≤ 1,0
I4 ≤ 1,3
I5 ≤ 1,7
I6 ≤ 2,1
I7 ≤ 2,5
I8 ≤ 3,5
I9 > 3,5

DEFLEXÃO DINÂMICA:

É a distância medida entre a face voltada ao tráfego do dispositivo de contenção, antes do impacto, até o mesmo ponto do dispositivo, em fase dinâmica, decorrente ao impacto:

A NORMA MUDOU!

Não sei se a foto abaixo da esquerda é antiga pois a Cabeceira da Barreira de Concreto que aparece na foto é do tipo antiga, daquela que permite o galgar de veículos para cima da barreira de modo que em vez de proteger conduz o veículo para cima da barreira conforme mostra a foto do meio. A versão atual da norma determina a instalação de Componentes de Amortecimento capaz de amortecer o choque e segurar o veículo desgovernado, evitando o galgar do veículo para cima da barreira. Veja a foto abaixo da direita onde um conjunto de componentes de plástico, cheios de água, amortecem o impacto.

UM EXEMPLO REAL:

Acompanhe, pela sequência de fotos, os diversos dispositivos de sinalização e segurança existentes na alça de acesso ao Elevado Aricanduva na Avenida Conde de Frontin, mais conhecida como Radial Leste em São Paulo. Trata-se de um elevado relativamente antigo, inaugurado em 1979 mas que incorpora importantes componentes de segurança como as Barreiras de Concreto. Você pode constatar tudo isso no Google-Maps clicando em https://maps.google.com/?ll=-23.535691,-46.54779&spn=0.003816,0.005311&t=h&z=18

Foto N0 1 - Vista aérea do Elevado Aricanduva, no trecho estudado:

Foto N0 2 - Detalhe do início da Alça de Acesso. Observe as Barreiras de Concreto (identificadas como DEFENSA):

Observe a existência de componentes de drenagem como grelhas e bocas de lobo para evitar a formanção de poças d'água em dias de chuva forte, poças que provocam a perigosa aquaplanagem. A alça de acesso possui Barreiras de Concreto tipo New Jersey em ambos os lados em toda a extensão da alça.

Foto N0 3 - Componentes de Sinalização e de Segurança em área de aproximação da Curva N0 2:

Observe a existência de sinalização de advertência, o estreitamento da pista pela faixa limitadora, passando a conduzir os veículos em fila única para evitar a colisão lateral entre veículos, muito comum em curvas. A Superelevação consiste na inclinação transversal (elevação) da pista e tem dupla função: uma é combater a força centrífuga que tende a levar o veículo para fora da pista e a outra é forçar a drenagem lateral das águas da chuva, diminuindo a possíbilidade de aquaplanagem. O aparente excesso de Bocas de Lobos se explica pelo fato desses componentes serem facilmente "entupíveis" por embalagens plásticas comprometendo o escoamento das águas da chuva. As faixas transversais (linhas brancas) são colocadas a distâncias cada vez menores para fazer uma "contagem regressiva" de aproximação ao ponto mais crítico da curva.

Foto N0 4 - Detalhes dos componentes de Sinalização e Segurança na entrada da Curva N0 2:

Observe que no início da curva, a Barreira de Concreto sofre uma alteamento (fica mais alta), isto é, usa-se uma Barreira de Concreto mais alta para evitar o "tombamento" de veículos altos como ônibus e caminhões tanques na Curva 3 que é mais fechada. Não poderia, por questão de segurança, haver três curvas, isto é, Curva 1, Curva 2 e Curva 3 numa mesma "curva" mas problemas construtivos obrigaram a isto.

Foto N0 5 - Marcas de Perda de Controle no piso e na Barreira de Concreto:

Observe as inúmeras marcas de perda de controle que a roda deixou na Barreira de Concreto e também marcas de frenagem deixadas no piso.

Foto N0 6 - Detalhes das marcas de Perda de Controle, deixadas pela roda dos veículos desgovernados:

Imaginem quantos acidentes e quantas vidas foram poupadas pela ação da Barreira de Concreto. Na hipótese desse viaduto não ter esse importante componente de segurança, a Barreira de Concreto, os veículos teriam sido lançados para fora do viaduto, caindo de uma altura de cerca de 14 metros, causando, provavelmente, muitas vítimas fatais, como aconteceu neste caso:

Será que já consertaram o viaduto? Já construíram a obrigatória Barreira de Concreto?

ACIONAMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO:

Antes que aconteça um desastre pelo fato de um trecho crítico não estar dotado do competente dispositivo de segurança, qualquer pessoa pode produzir uma Denúncia junto ao Ministério Publico pois há farta documentação normativa determinando a necessidade de construção de Barreiras de Concreto. Uma vez acionado, o Ministério Público irá exigir do ógão responsável pela via a celebração do competente TAC Termo de Ajustamento de Conduta para que seja construído no local a necessária Barreiras de Concreto e assim, evitar novos desastres.

Você nunca ouviu falar em Ministério Público? O Ministério Público é o órgão que a gente pode recorrer para que ele, o Ministério Público, obrigue a Prefeitura, o Estado ou a União a fazer aquilo que já é obrigação deles. Visite o site www.ebanataw.com.br/ministeriopublico.


NOTA: Este site é mantido pela equipe do engenheiro Roberto Massaru Watanabe formado pela USP em 1972 e se destina principalmente para estudantes. Watanabe participou do projeto do Rodoanel Mario Covas, Rodovia dos Imigrantes, duplicação da Regis Bittencout e outros viários como a simulação das vias expressas de Campinas. Pelo caráter pedagógico do site, seu conteúdo pode ser livremente copiado, impresso e distribuido. Só não pode ser pirateado, isto é, copiar e depois divulgar como se fosse de sua autoria. Watanabe resolveu construir este site para fornecer orientações sobre as Leis, as Normas e as Portarias que regem a matéria Segurança no Trânsito desconhecidas por muitas pessoas e, objetivando auxiliar as pessoas na pesquisa das causas das mortes.

ET-12\RMW\trafegando\DEFENSA.htm em 23/06/2011, atualizado em 07/09/2024 .