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RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL |
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MATANDO A LAGOA DOS PATOS
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Mais da metade de toda a água que cai sobre o Estado do Rio Grande do Sul vai parar na Lagoa dos Patos.
Fotografias tiradas de satélites mostram a extensão do assoreamento que avançava (janeiro de 2002) de forma contínua e paulatina sobre a lagoa. Na foto abaixo,
da esquerda, podemos observar que mais da metade da lagoa já foi tomada por sedimentos sólidos (terra) em suspensão trazidas principalmente pelo rio Jacui
e na foto da direita, de 2024, a mancha dos sedimentos já chega a Rio
Grande:
O que se vê na fotografia são as partículas sólidas em suspensão, diferente das particulas que sedimentam.
Fotografia mais recente (abril de 2013)
mostra que a lagoa está quase que totalmente tomada pelo assoreamento:
O pior: O estuário dá provas de que a sua capacidade de retenção de sedimentos já atingiu o máximo e o sedimento que excede a sua capacidade está sendo escoado para o mar.
É a Lagoa pedindo socorro!
Qual o problema dos sedimentos?
A vida aquática é constituida de um complexo e delicado equilibrio onde
organismos microscópicos chamados, genericamente de plânctons, promovem o que
chamamos de Cadeia Alimentar.
Alguns desses plânctons são vegetais, ou melhor microalgas, são denominados de
fitoplânctons e dependem da incidência dos raios solares para se desenvolverem. A
energia do sol é utlizada no processo de fotossíntese quando a planta sintetiza
o Carbono, elemento base de todos os organismos vivos. Outros plânctons são
animais, são denominados de zooplâncton e são vegetarianos, isto é, se alimentam
dos fitoplânctons.
Boa parte desses animais são crustáceos,
isto é, camarões, carangueijos e siris e também outros animais que vivem
rastejando no fundo lodoso da lagoa, rico em nutrientes orgânicos.
Os raios solares, penetrando fundo nas
águas da lagoa promovem um complexo processo de transformação biológica. Quanto
mais limpa a água mais profundamente penetra os raios solares e mais rica
será a vida.
Os sedimentos sólidos, sendo constituido
basicamente de argila e areias finas, portanto materiais inertes, não chegam
a "poluir" a lagoa, mas a argila em suspensão impede a penetração dos raios
solares, bloqueando a penetração da energia do sol até o fundo da lagoa
aonde deveria ter início a cadeia alimentar.
O resultado é a morte dos
fitoplânctons que são a base da cadeia alimentar e, consequentente, da morte
de toda e qualquer vida na lagoa:
Veja, lado a lado, a estratificação do
perfil da lagoa que recebe toda a carga de sedimentos sólidos que são
transportados pelos rios como o Camaquã, Jacui e Taquari, dentre outros que
alimentam, isto é, deságuam suas águas carregadas de sedimentos na Lagoa dos Patos:
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Com os raios solares, sendo impedidos
de penetrar nas águas da Lagoa pela argila em suspensão, deixa de
ocorrer a fotossíntese, principalmente nas camadas mais profundas
onde vivem os plânctons. A sedimentação
da areia no fundo da lagoa, embora inerte e não poluente, destrói o
habitat dos animais que caminham pelo fundo lodoso rico em
nutrientes orgânicos como os micro vegetais, fitoplânctons, e os
micro animais, os zooplânctos que formam o início da cadeia
alimentar.
A areia sedimentando no fundo da Lagoa mata
a microvegetação, alimento de camarões e caranguejos quebrando o
início da cadeia alimentar.
A Lagoa começa a morrer. Além de morrer fica
mais rasa.
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Veja como ocorre o processo de
assoreamento que entope, que mata um rio obrigando as águas a buscarem outros
locais para fluir
QUANDO O RIO NÃO SOFRE ASSOREAMENTO É LIVRE
PARA FLUIR DENTRO DO SEU CANAL (PROTEGIDO POR LEI FEDERAL) |
INICIO DO ASSOREAMENTO, O RIO COMEÇA A
DEPOSITAR TERRA E AREIA NO FUNDO DO CANAL |
FORMAM-SE GRANDES BANCOS DE AREIA E
PRAIAS ONDE NÃO TINHA |
O CANAL DO RIO ESTRANGULADO, ENTUPIDO
OBRIGA AS ÁGUAS DA CHUVA A BUSCAREM OUTROS LOCAIS PARA ESCOAR |
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De onde vem toda essa terra e areia que está
entupindo a Lagoa?
Se vocês prestarem atenção nas
fotografias que mostram inundações e alagamentos irão perceber que boa parte das
fotos mostram águas barrentas, isto é, água que está transportando terra e areia
que as chuvas tiram de algum lugar e levam, transpotam, carregam a areia até um
local de águas calmas como Arroios, Lagos e Lagunas ou trambém nos remansos do rio e lá
depositam (isso se chama sedimentação) assoreando o rio.
Vem do descaso dos governantes que deixam as vias públicas sem o revestimento
protetivo que serve para evitar a erosão urbana:
Vem do descaso dos governantes que deixam as margens
dos rios e córregos sem a necessária proteção que evita a erosão das
margens:
Vem de estradas com tráfego intenso que não recebem o revestimento protetivo que evita a formação de poeira fina, que pela chuva são transportados para os rios:
Vem até da atividade pecuária no deslocamento de rebanhos que (sejamos realistas) levantam nuvens de poeira fina por onde passam:
No dia 22 de outubro de 2013, a convite do Rotary
Club de São Lourenço do Sul, fui conhecer alguns recursos hídricos em torno
da Lagoa dos Patos. No caminho passei numa ponte sobre o rio Camaquã e
registrei o grande assoreamento que entope do rio. A calha do rio fica mais
rasa e mais estreita. Veja uma foto:
Junto da Lagoa, na foz
do rio São Lourenço do Sul, vi o grande assoreamento (deposito de areia
trazida pelas enxurradas) nas margens. O rio fica mais estreito e não
consegue dar vazão às cheias e transborda (passa por cima da borda):
Um
pouco mais à montante, um rio totalmente entupido com vegetação pronta para,
com a ajuda das águas, derrubar a ponte. Quem derruba a ponte não são as
águas mas sim os detritos depositados (enroscados) nos pilares. Depois com a
chegada da enxurrada a vegetação e galhos de árvores acumulados, ajudados
pela corrente do rio, derrubam a ponte criando uma Frente de Onda que no
impacto derruba casas e arranca telhados:
Existe até uma Lei
Federal, a de n0 12.651, que proibe qualquer tipo de construção
(e aí inclui pilares de pontes) não só "dentro" do rio como também numa
faixa lateral denominada Área de Preservação. Antigamente a Engenharia não
sabia como fazer pontes com grandes vãos então pilares eram construídos
DENTRO do rio atravancando o livre fluxo das águas:
Mas hoje, a
tecnologia de construção de pontes está bastante evoluída e é fácil
construir pontes de grandes vãos como esta na marginal do Rio Tietê em São
Paulo onde os pilares de sustentação da ponte ficam bem longe das margens do
rio. O rio pode até transbordar mas não há nada que possa atrapalhar o fluxo
das águas.
A poeira fina fica depositada nas folhas das árvores e nos telhados das casas e são, depois, transportadas pela água da chuva para
dentro dos rios.
Toda essa terra e areia vão sendo depositados nos rios (Taquari, Jacui,
Camaquã, Guaíba e nos milhares de arroios) que vão ficando cada vez mais rasos,
cada vez mais entupidos, isto
é, com menos capacidade de transportar as águas das chuvas torrenciais e,
porisso, transbordam causando alagamentos e inundações. Um exemplo: Os mais
de 260 Rotary Clubs existentes em mais de 140 municípios junto com mais de
130 universidades e campi acadêmicos podem fazer a diferença encarando de
frente esta questão da erosão urbana e erosão das margens evitando que a
situação fique pior do que já está.
Bem, há outros fatores que também contribuem para esse estado triste das
enchentes, inundações e alagamentos. É a norma brasileira NBR-10844 que
todas as empresas que trabalham para os órgãos públicos são obrigadas a
seguir. Diz essa norma que há um limite máximo do "tamanho" da chuva, o que
se mede em milímetros por hora [mm/h], e que no tempo de recorrência de 25
anos só ocorrem uma única vez. Veja na tabela seguinte, valores extraídos da
norma:
MUNICÍPIO |
INTENSIDADE
PLUVIOMÉTRICA COM PERÍODO DE RETORNO DE 25 ANOS
[mm/h] |
Basé |
234 |
Caxias do Sul |
218 |
Cruz Alta |
347 |
Encruzilhada |
158 |
Iraí |
228 |
Passo Fundo |
180 |
Porto Alegre |
167 |
Rio Grande |
167 |
Santa Maria |
145 |
Santa Vitória do
Palmar |
152 |
São Luiz Gonzaga |
253 |
Uruguaiana |
161 |
Viamão |
152 |
Esta tabela está totalmente desatualizada e as chuvas de hoje têm uma
Intensidade Pluviométrica maior, bem maiores. Entretanto as empreiteiras que
trabalham para órgãos dos governos são obrigadas a adotarem estes valores
quando projetar sistemas de drenagem de águas da chuva pois se colocarem
calhas e condutores com maior capacidade correm o risco de serem acusadas de
super-faturamento.
Como curiosidade, localizei
estes municípios no mapa do Rio Grande do Sul. Veja onde chove e qual é,
segundo a norma, a maior chuva nesses municípios:
Chega a ser "ridículo" falar que em Porto Alegre não chove mais que 167 mm/h
pois todos sabem que qualquer chuvinha pode cair com grande intensidade que
ultrapassam 400 mm/h. Hoje temos conhecimento que as chuvas se formam a
longas distâncias. Veja mais detalhes clicando aqui
. É
porisso que ocorrem, com bastante frequência, desastres deste tipo (observem
a cor das águas barrentas - é por que está transportando milhões de
toneladas de terra e areia que irão sedimentar nos meandros do rio e
principalmente na Lagoa dos Patos):
O engenheiro Roberto Massaru Watanabe que
trabalhou nos projetos de aproveitamento dos principais recursos hidricos
brasileiros como o Sistema Cantareira de Captação e Tratamento de Água para
a região metropolitana de São Paulo, Simulação dos Recursos Hídricos do Alto
Tietê, Sistema de captação de água para
fábrica da Aracruz Celulose e nas hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipú e
Tucuruí, realizou palestras e coleta da água da Lagoa dos Patos e
disponibiliza neste site e também em suas palestras em Rotary Clubs suas
experiências no trato com recursos hídricos. Conhecedor da estrutura do
Rotary International, Watanabe faz esta recomendação pois a breve vida
pública dos homens públicos eleitos para uma breve gestão de 4 anos e sem
nenhum compromisso com a continuidade dos projetos pode ser reforçada com o
apoio dessa centenária e mundial entidade que reune competentes
profissionais relacionados à esta questão de sedimentologia e hidráulica
fluvial.
URGE QUE SE ESTANQUE ESSA DESENFREADA EROSÃO URBANA QUE ESTÁ
MATANDO (SOTERRANDO e ENTUPINDO) OS ARROIOS, OS RIOS E, pricipalmente, A LAGOA DOS PATOS.
2013 |
Veja um trabalho sobre Recursos Hídricos que foi distribuído na palestra realizada no Rotary Club de São Lourenço do Sul em 31/10/2013.
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2013 |
Veja um resumo da palestra que foi proferida no Rotaty Club de São Lourenço do Sul em 31/10/2013. Faça um download do arquivo. |
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2014 |
Veja um levantamento sobre os
Recursos Hídricos no Estado do Rio Grande do Sul. Faça download do
arquivo PDF clicando aqui |
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2014 |
Palestra na Conferência do Distrito 4680 do
Rotary International em Pelotas/RS com alerta sobre o Assoreamento
da Lagoa dos Patos o que poderá provocar cheias, inundações e
alagamentos na volta do El Niño em 2023 |
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2024 |
Palestra no Rotary
Cuiabá com sugestão de medidas para acabar com as Enchentes: Não
são as chuvas que causam as enchentes mas sim o assoreamento do
Lago Guaíba e da Lagoa dos Patos que bloqueiam a saída das águas,
segurando-as por várias semanas. Toda lama, terra e areia
depositadas pelas chuvas de 2024 nas ruas estão sendo jogadas no
Guaíba e dos Patos agravando ainda mais as condições de assoreamento
e bloqueando ainda mais a saída das águas. Como alertamos em
2014 sobre as enchentes provocadas pelo assoreamento, podemos prever
para 2033 outra grande catástrofe. |
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OUTROS
SITES INTERESSANTES |
ROTARY INTERNATIONAL
Veja uma matéria sobre ÁGUA na edição de
março de 2020 da revista do Rotary. |
ENERGIA ELÉTRICA
Saiba em que lugar do mundo há eletricidade
farta, confiável e 100% renovável |
PEGADA HÍDRICA
Veja quanta água é necessária para a
fabricação de alguns rodutos que a gente usa. |
RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL
Veja questões relativas aos recursos hídricos
neste país que possui a maior reserva de água doce do mundo. |
\RMW\recursoshidricos\LagoaDosPatos.htm em 04/05/2014, atualizado
em 01/06/2024.