JUNTAS E TRINCAS |
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Admire as magníficas linhas arquitetônicas do Teatro Municipal de São Paulo
Localizado na praça Ramos de Azevedo, é o resultado de influências da arquitetura renascentista, arquitetura barroca e art nouveau que inspirando o arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo produziu esta obra magnífica cheias de detalhes arquitetônicos importantíssimos.
Veja, por exemplo, 2 detalhes que mostram frisos ornamentais:
A palavra FRISO tem 2 origens, podendo vir de FRISA que é um tecido grosso, crespo enrugado de modo que o verbo frisar pode significar tornar crespo e enrugado. A outra origem é de FRISO que é uma tira, uma faixa, um destaque que aplicamos como uma fita no cabelo ou no vestido para chamar a atenção ou esconder a prega de uma costura feia.
Além do aspecto estético, os frisos, em um edifício, assumem um aspecto funcional com a finalidade de esconder eventuais trincas que podem surgir pela movimentação dos componentes construtivos. Numa parede cheia sem janelas e nem portas, o fluxo das tensões fluem de cima para baixa de forma uniforme, enquanto que numa parede com janela ou porta, o fluxo das tensões é desviado para as laterais.
NA PAREDE CHEIA, AS TENSÕES FLUEM UNIFORMEMENTE DE CIMA PARA BAIXO |
NA PAREDE COM UM VÃO AS TENSÕES SÃO DESVIADAS PARA AS LATERAIS DO VÃO |
Os vãos de janelas e de portas em uma parede são pontos fracos e frágeis da estrutura da parede e costuma aparecer trincas nos cantos onde ocorrem concentrações de tensões:
Veja mais detalhes sobre concentração de tensões em .
Nem sempre é fácil evitar o surgimento de trincas na fachada de um edifício. Por isso, a norma brasileira NBR-13755 define diversos tipos de juntas:
NBR-13.755 Revestimento de
paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa
colante – Procedimento
3.5 JUNTA:Espaço regular
entre duas peças de materiais idênticos ou distintos.
3.5.1 JUNTA DE
ASSENTAMENTO Espaço regular entre duas placas cerâmicas adjacentes.
3.5.2 JUNTA DE
MOVIMENTAÇÃO Espaço regular cuja função é subdividir o revestimento, para
aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento.
3.5.3 JUNTA DE
DESSOLIDARIZAÇÃO Espaço regular cuja função é separar o revestimento para
aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento
3.5.4 JUNTA ESTRUTURAL
Espaço regular cuja função é aliviar tensões provocadas pela movimentação da
estrutura de concreto.
JUNTA DE MOVIMENTAÇÃO: É uma junta ativa, isto é, ela se movimenta como a trinca que corre entre a laje e a viga. A junta trabalha pois a viga é fixa mas a laje enverga para cima e para baixo em função do calor do sol.
Caso mais comum é a junta de dilatação térmica que deixamos entre blocos de edifícios ou entre painéis de lajes e cimentados expostos a chuva e sol. No caso de junta de origem térmica, é importante proteger os cantos da cerâmica com um perfil metálico que possui um núcleo de borracha que permite que o perfil acompanhe o movimento de dilatação/retração que os blocos sofrem com a variação da temperatura.
JUNTA ESTRUTURAL: É a junta, na verdade uma trinca, que surge na ligação de alvenaria com a viga. Como a viga foi feita antes e a alvenaria é feita algum tempo depois, fica difícil fazer a fiada final da parede ficar "bem grudada" na barrigag da viga. Existem diversos métodos para fortalecer esta ligação. Veja o método do encunhamento onde tijolos inclinados são colocados como uma cunha.
A solidarização das partes só funciona se não houver movimento relativo entre as partes. Havendo movimentação, a junta estrutural deve ser tratada como uma junta de movimentação.
JUNTA DE ASSENTAMENTO: É a junta que fica entre as placas do revestimento ou entre os blocos cerâmicos.
A argamassa de assentamento dos blocos podem sofrem "retração" durante a cura e pode também reagir com componentes como os sulfatos presentes na cerâmica produzindo trincas e manchas brancas.
Quando o revestimento da parede é feito com um componente rígido como o gesso, a retração da argamassa de assentamento produz o desplacamento do gesso:
JUNTA DE DESSOLIDARIZAÇÃO: É a junta que criamos para que não se forme painéis muito grandes na fachada. Todo e qualquer componente, ao receber os raios do sol sofre um pequeno aquecimento e, consequentemente, uma pequena dilatação. Não havendo espaço para dilatar, o componente trinca criando um efeito estético negativo.
A norma NBR-13755 recomenda que estes painéis tenham no máximo 3m de altura por 6m de largura, ou seja, que a fachada do prédio seja dividida em paineis por meio de juntas verticais e juntas horizontais.
Para pisos internos a norma recomenda painéis de no máximo 32 metros quadrados e para pisos externos e lajes de cobertura a norma recomenda painéis de no máximo 20 metros quadrados.
Além dessas juntas verticais e horizontais, a norma recomenda que sejam criadas juntas de dessolidarização nos cantos verticais, nas mudanças de direção do plano do revestimento, no encontro da área revestida com pisos e forros, colunas, vigas, ou outros tipos de revestimentos, bem como onde houver mudança de materiais que compõem a estrutura-suporte de concreto para alvenaria.
CONFECÇÃO DAS JUNTAS:
Cuidados especiais devem ser tomados para a definição do tipo de junta que será feita em cada caso de junta.
As juntas podem ser feita por perfis apropriados e podem ser encontrados à venda no comércio de materiais para construção. Chamam-se, genericamente, Juntas ou Perfis para Juntas e podem ser de aço galvanizado, alumínio, plástico, borracha e até de madeira.
As de aço são recomendadas para pisos onde haja tráfego pesado de caminhões como em pátio de estacionamento, postos de abastecimento e aeroportos.
Existem diversos modelos e a escolha deve levar em consideração o peso e a frequencia dos veículos. Não sendo tomados estes cuidados a junta deteriora-se rapidamente e pode até causar danos ao piso.
As de alumínio são empregadas em locais com o tráfego de pessoas e pequenos carrinhos como o de supermercados.
Os de plástico são para locais de tráfego somente de pessoas e as de borracha para locais em que não há tráfego de pessoas, servindo apenas para fazer a vedação contra a penetração de água da chuva.
As juntas em paredes podem ser feitas com o emprego de um Perfil para Junta mas o comum é confeccionar a junta na forma de um sulco com certo formato e profundidade.
Não pode ser um sulco com qualquer forma pois a junta deve, além de alojar a trinca, ter uma forma tal que evite a penetração da água da chuva para dentro da trinca e também ter uma forma de tal forma que não junte poeira. Veja um problema de junta de forma errada:
Eis uma sugestão de forma correta para o sulco:
Para a confecção do sulco, devemos empregar uma régua própria fixada na parede com pregos-guia e sobre a qual deslizamos um Frisador. Veja uma régua sendo fixada na parede:
Veja um exemplo de frisador:
Veja um frisador sendo deslizado pela guia:
\RMW\trincas\trincas.htm em 13/12/2000, atualizado em 24/02/2024 .