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A ÍNDOLE HUMANA

03/08/2007

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      Eu tenho andado muito por aí e observado que

pessoas diferem uma das outras. Umas são mais amigas, gostam de fazer amizade, de curtir momentos juntos, compartilham suas alegrias e tristezas. Outras são mais formais, tratam as pessoas com cordialidade, elogiam e reconhecem o trabalho bem feito. Outras ainda são muito moralista, vêem lição de vida em tudo que acontece e nada acontece na vida sem que haja uma razão por detrás.

Os estudiosos do comportamento humano chamam a isso de Índole Humana. É o jeito da pessoa, são as características de uma pessoa que marcam o seu caráter, a sua personalidade.

É complexo, o comportamento humano. Há os que defendem que a personalidade é atributo, algo que é parte do ser, e outros que consideram a personalidade relação e que pode ser adquirida pela experiência.

Nas minhas andanças rotárias ao longo das já 532 palestras proferidas em ambientes de Rotary adquiri a percepção da existência de Grupos Gregários com relativa homogeneidade dentro de cada um deles e com caraterísticas facilmente notáveis.

Vejamos, detalhadamente, as características comportamentais deles.

1o Grupo Gregário - O Companheiro Amigo:

O Companheiro Amigo adora fazer as coisas juntos. Fica feliz pelo simples fato de estar com aqueles de quem ele gosta.

Estão sempre animados, fazem festa quando encontram as pessoas e estão sempre inventado alguma coisa para fazer juntos.

São pessoas de bem com a vida. São muito gregários e gostam de práticas coletivas. Esportes coletivos, bailes, churrascadas.

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2o Grupo Gregário - O Companheiro Incentivador:

O Companheiro Incentivador é aquele que ama a verdade. Busca as razões da vida através da verdade.

Reconhece o valor das pessoas. Sabe reconhecer, sabe valorizar aquela característica especial que cada pessoa tem. São muito éticos.

Muitas vezes fazem um fuzuê muito grande por uma coisa pequena, aparentemente de pouco valor, mas que é muito importante para aquele que está sendo homenageado. Faz isso para incentivar. Compreende que não se nasce sabendo e que para aprender é necessário levar muitos tombos.

São muito amistosos, vivem dando prêmios de reconhecimento do tipo "O Melhor do ...". São muito gregários e ficam muito tristes quando não estão junto com outras pessoas ou quando não têm "alguém" para ficar elogiando.

 

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3o Grupo Gregário - O Companheiro Moralista:

O Companheiro Moralista está constantemente preocupado com a Moral. Com os costumes e os deveres sociais. Que a vida deve ser levada "dentro" de certas regras sociais e que a vida fora dessas leis não tem sentido.

Prefere excluir, afastar-se de pessoas que não se enquadram nos padrões sociais.

Vivem à espreita, desenvolvem um aguçado patrulhamento ideológico e "caem de pau" quando alguém transgride, mesmo que sem querer, alguma regra, por mais boba que seja.

Vivem lembrando das regras, das leis, dos costumes. Falam muito em "Não fica bem ... ". São muito gregários e "precisam" ter pessoas que fazem coisas erradas para poderem ter o prazer de criticar.

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4o Grupo Gregário - O Companheiro Político:

O Companheiro Político é aquele que adora promover o bom relacionamento entre as pessoas.

Vivem elogiando as pessoas, gostam de dar "tapinhas" nas costas, são muito diplomáticos, dificilmente fazem críticas e quando alguém critica alguém sai pela tangente dizendo "ele dever tido alguma razão para isso ... "

Quando chega num lugar, chama todo mundo, quer que todo mundo ouça ele. Faz muita questão disso. São geralmente muito vaidosos. Elogiam as pessoas, mas faz isso sempre em público e procuram deixar bem claro que "ele" é que está fazendo este reconhecimento. A gente fica sem saber se o eleogio é para o homenageado ou se é para ele mesmo.

As palavras que mais utiliza é "Eu fiz .. ", "Foi eu que fiz ... ". Quando pega um boletim, procura pelo seu nome, verifica se seu nome foi citado.

São muito falsos. Na frente diz que gosta, pelas costas falam mal da pessoa.

Quando criticado sai sempre dizendo "Eu não sabia ... ".

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O Rotary e os Grupos Gregários:

O verdadeiro e grande mérito do Rotary está centrado na tentativa de unir os desiguais e essa característica é o que diferencia o Rotary de todas as outras organizações.

As entidades, em geral, fazem muita questão que todos sem excessão façam exatamente a mesma coisa sem respeitar a índole individual de cada um. Inventam bailes em que todos devem participar sem se importar se a pessoa gosta ou não de dançar, inventam festa da cerveja sem se importar se a pessoa bebe ou não, inventam campanha de agasalho, campanha de brinquedos, etc. e em todas essas atividades fazem questão que todos sem excessão participem com igual alegria e dedicação.

Enquanto que algumas entidades pregam a igualdade a toda força, obrigam as pessoas a terem comportamento padronizado, o Rotary compreende, respeita e estimula as diferenças de personalidades, as diferentes índoles humanas.

E faz isso de forma preeminente, iserindo de forma indelével em seu Objetivo afirmando que a prática para o estímulo e o fomento ao ideal de servir pode ser atingido através der um dos grupos gregários seguintes:

1 - Através do grupo de pessoas que cultivam a amizade, a boa vontade e as práticas coletivas. Daí a afirmação "O desenvolvimento do companheirismo como elemetno capaz de proporcionar oportunidades de servir".

2 - Através do grupo de pessoas que cultivam o reconhecimento, o incentivo ao desenvolvimento e ao progresso através da ética, do respeito ao próximo. Daí a afirmação "O reconhecimeto do mérito de toda ocupação útil e a difusão das normas de ética profissional".

3 - Através do grupo de pessoas que cultivam a tradição, a prática da moral, dos bons costumes da lei e da ordem. Daía a afirmação "A melhoria da comunidade pela conduta exemplar de cada um na sua vida pública e privada".

4 - Através do grupo de pessoas que cultivam a harmonia, o equilíbrio e a paz entre as pessoas. Daí a afirmação "A aproximação dos profissionais de todo o mundo, visando à consolidação das boas relações, da cooperação e da paz entre as nações".

É natural que se formem "panelinhas" dentro de um Rotary Club. O exercício respeitoso da seleção natural, leva à formação de grupos homogêneos baseados na índole de cada um. Teremos então a Turma do Futebol, a Turma do Baile, a Turma da Pescaria, a Turma do Bingo, a Turma da Sauna, e assim por diante.

Quando o clube é grande há chance de formação de grupos gregários fortes, consistentes e realizadores. Cada um desses grupos terá uma quantidade suficiente de companheiros para a realização eficiente de seus intentos. São clubes que congregam mais de 30 companheiros. Se a Turma do Baile resolve fazer um baile beneficente encontrará companheiros em quantidade suficiente para conseguir fazer uma boa organização do evento e o baile será um grande sucesso.

Quando o clube é pequeno não há a chance de formação de muitos grupos. Um companheiro que adora pescar não vai se sentir bem no meio de companheiros que vivem fazendo bailes e acaba se afastando do grupo, do clube. São os clubes pequenos. O quadro social gira sempre em torno de 12 a 15 companheiros e são, geralmente, muito parecidos um com os outros. Assim, encontramos clubes com o companheirismo forte. Vivem fazendo atividades juntos, viagens, esportes, etc. Encontramos também aqueles com cunho social forte e realizam muitas atividades de benemerência como bingos e muitas campanhas de arrecadação.

Como se vê, a continuidade, o desenvolvimento e a evolução de um clube depende, essencialmente, da existência desse "elo que une as pessoas" formada pela potencialização da índole humana, da personalidade de cada um.

O que o Ratary denomina de "desenvolvimento" do quadro social, que é entendido como o "aumento do número de sócios de um determinado clube", tem uma grande dificuldade de se realizar principalmente em clubes pequenos. Nesses, provavelmente, vamos encontrar somente um único Grupo Gregário. Quanquer pessoa que seja introduzida nesse grupo gregário já existente irá se sentir como "peixe fora d´água" e irá sair em pouco tempo. O grupo, por sua vez, não tem estrutura para a entrada de novas pessoas. Explico melhor. Em grupos pequenos, as tarefas estão todas distribuidas e cada um já sabe o que tem que fazer. Uma pessoa nova, vendo as pessoas se movimentarem livremente e autonomamente ficará "sem função", daí o sentimento de exclusão. Em um grupo homogêneo que funciona, é importante promover a "perda" do poder, ou melhor, a perda da função, pelo menos parcial, para que o novo companheiro possa assumir alguma responsabilidade.

Uma outra alternativa, pouco praticada, é a promoção da entrada, ou melhor, da criação de um novo grupo gregário dentro do clube. Um grupo feminino, por exemplo, formará um novo grupo gregário dentro de um clube com grupo gregário maxista. Então, para que as novas companheiras se sintam fortalecidas, que formam um grupo, é importante dar posse a um número mínimo de sócias. Somente 3 ou 4 não chegam a constituir um grupo gregário e a vida delas dentro do clube será breve.

Para os dirigentes preocupados com o desenvolvimento do quadro social é imprescindível a compreensão desse mecanismo de grupos gregários. Caso necessário, peça a orientação de psicólogos e sociólogos.

Uma boa diretriz é aquela preconizada pelo próprio Rotary International, isto é, qualquer novo grupo social deve ter ao menos 20 pessoas interessadas pois em qualqeur grupo formal constituído por pelo menos 20 pessoas, a seleção natural promoverá ajuntamentos e afastamentos de modo que, após transcorridos determinado número de interações, encontraremos uma das seguintes situações:

Primeiro tipo de clube: Clube formado por 4 panelinhas, tendo em média 5 companheiros em cada panela.

Segundo tipo de clube: Clube formado por 3 panelinhas, tendo em média 6 companheiros em cada panela.

Terceiro tipo de clube: Clube formado por 2 panelinhas, tendo em média 7 companheiros em cada panela.

Quarto tipo de clube: Clube formado por uma única panelinha.

Nem sempre um clube de Rotary tem condições e estrutura para levar adiante o desenvolvimento do quadro social seguindo tais diretrizes psico-comportamentais. Talvez seja mais viável partir para a Expansão do Quadro Social, o que o Rotary entende como a criação de novos clubes.

Como andam os Grupos Gregários (panelinhas) em seu clube?

 

Veja mais sobre o Trabalho em Equipe:
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Veja mais sobre Pessoas Mais,
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Veja mais sobre A Saga de um Ideal:
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Esta é uma página pessoal que contém uma opinião essencialmente pessoal a cerca do tema A Índole Humana.
As opiniões são, no fundo, "provocações" feitas aos nobres companheiros rotarianos e são baseadas em contatos, estudos e experiências pessoais e vale-se da liberdade proprocionada pela WEB. Ninguém é obrigado a aceitar, nem se pretende afirmar que as opiniões aqui colocadas sejam verdadeiras. Agora, se você gostou, pode imprimir, copiar e divulgar à vontade.
Roberto Massaru Watanabe
membro do Rotary Club de São Paulo - Tatuapé - EMAIL: robertowatanabe@rotary4430.org.br. Watanabe é engenheiro e como tal participou do projeto das grandes obras da engenharia nacional como a Rodovia dos Imigrantes e as hidrelétricas de Ilha Solteira, Itaipú e Tucurui. Nesses empreendimentos, adquiriu muita prática na organização e condução de grandes equipes.

RMW\GEROI\indole.htm em 03/08/2006, atualizado em 22/05/2009 .

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