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Ainda nos dias de hoje encontramos pessoas que pensam que a CHUVA é um fenômeno meteorológico que resulta da simples condensação da umidade existente no ar e é comum encontrarmos, nas escolas de ensino fundamental, a explicação do Ciclo Hidrológico baseada apenas na alternância entre os fenômenos de evaporação/transpiração e precipitação.
Até a norma técnica brasileira, a NBR-10844, que a arquitetura e a engenharia são obrigadas a seguir, contém conceitos arcaicos em que um bairro de uma cidade pode apresentar índices de chuva diferentes de outros bairros da mesma cidade.
então não é raro recebermos notícias de inundações e alagamentos, e isto acontece especialmente em obras públicas como escolas e hospitais. Os valores máximos de chuva apresentados pela norma, atualmente em vigor, são infinitamente inferiores aos valores reais que costumam ocorrer na realidade de modo que ao elaborar um projeto que envolva chuvas, o profissional da construção deve incluir na Memória de Cálculo os argumentos justificativos da sua escolha por valores acima do que o máximo prescrito em normas técnicas oficiais. Observe que é comum ocorrerem chuvas de mais de 300 milímetros por hora de intensidade enquanto que a norma determina que basta considerar (veja quadro acima) uma intensidade de apenas 204 milímetros por hora numa obra que será feita na Praça XV no Rio de Janeiro.
Nas obras públicas, o projeto do telhado deve ser feito em estreita obediência às Normas Brasileiras. Como a norma estabelece padrões de chuva muito abaixo do que acontece na realidade, o telhado acaba desabando na primeira chuva forte. O profissional habilitado que faz o dimensionamento do telhado, Arquiteto ou Engenheiro, pode adotar valores de chuva acima do que estabelece as normas porém deve apresentar justificativa com argumentos convincentes caso não queira ser acusado de super-faturamento, isto é, fez um telhado muitas vezes mais forte para conseguir um preço mais alto da obra.
O profissional da construção, Arquiteto ou Engenheiro que recebe uma boa formação em ciências tem condições de estudar por conta própria, determinar a quantidade de água da chuva e projetar a obra adequada (piscinão, barragem de regularização, drenagem profunda, galeria de coleta e condução de águas pluviais, etc.) capaz de reter, conter, desviar, controlar o fluxo das águas pluviais, conforme o caso, e assim evitar que a chuva chegue a causar algum dano nas propriedades ou até, infelizmente, vitimas fatais.
Uma obra de engenharia deve atender bem à finalidade para a qual ela foi construída durante toda a sua Vida Útil, que não deve ser menor que 60 anos, em obras comuns, e nesse período suportar bem as chuvas com grandes Períodos de Recorrência como 1.000 anos para obras de grande importância ou de 10.000 anos em obras de grande impacto como uma barragem que barra um grande volume de água e cujo rompimento possa causar danos ambientais de grande monta.
Que tipo de fenômeno atmosférico pode ocorrer durante esse período? Uma chuva simples? Uma chuva catastrófica? Uma combinação de Chuva de Verão com Frente Polar? Uma combinação de Frente Polar com uma Zona de Baixa Pressão?
Não importa o tipo de fenômeno e a combinação deles. A Engenharia tem ferramentas que permite fazer a previsão exata do fenômeno e da combinação também exata de suas ocorrências e, até certo ponto, determinar a época ou o ano em que o fenômeno ou a combinação de fenômenos irá ocorrer. Quando acontece um desastre em que pessoas têm seus bens perdidos ou vidas são perdidas nem sempre há falhas da engenharia mas sim a falta da obra de engenharia, falha do governante que, por algum motivo, deixou de executar a obra de engenharia que poderia evitar a ocorrência de desastres. Nas fotos a seguir, do lado esquerdo vemos um talude devidamente protegido com obras de drenagem e do lado direito um talude rompido justamente por falta dessas obras. Por que será que alguns locais recebem toda a atenção dos governantes e outros locais não? Quando acontece um desastre como este o governante vem a público e dá aquela desculpa esfarrapada: "Choveu mais que o esperado!" e fica nisso. Niguém indeniza ninguém, ninguém é responsabilizado, ninguém faz nada e muitas vezes o barranco fica assim por muitos e muitos anos.
É claro que o estudo aprofundado deve ser precedido de aprendizado avançado, porém este site procura apresentar os principais fenômenos que ocorrem na atmosfera terrestre e o faz de forma didática com desenhos elaborados em escala e cores exageradas para facilitar a compreensão.
FENÔMENO NO 1 - EFEITO GLOBAL DO SOL:
O SOL é uma estrela fumegante onde ocorrem violentas reações núcleares que geram calor intenso de milhares de graus centígrados e espalham radiações que percorrem milhões de quilometros pelo espaço sideral.
Nosso planeta, a Terra, está no caminho das Radiações Solares e possui um manto protetor que desvia as radiações e impedindo que elas nos atinjam.
Não fosse esta proteção, a Terra seria apenas uma Grande Pedra, fria, sem vida girando ao redor do sol.
É claro que o estudo aprofundado deve ser precedido de aprendizado avançado, porém este site procura apresentar os principais fenômenos que ocorrem na atmosfera terrestre e o faz de forma didática com desenhos elaborados em escala e cores exageradas para facilitar a compreensão.
FENÔMENO NO 2 - ATMOSFERA TERRESTRE:
A existência de água e a temperatura mantida entre os extremos entre a água congelada e a água na forma de vapor propicia a existência da Atmosfera terrestre, que possui uma cor azulada graças aos gases (nitrogênio, oxigênio e outros) e que chamamos de "céu".
A atmosfera da Terra é formada por camadas e, em cada camada ocorrem fenômenos específicos como as belíssimas Auroras (boreais e austrais), a navegação dos satélites artificiais, a importantísisma camada de ozônio e a camada mais densa, chamada Troposfera, onde conseguem voar os aviões (os aviões, planadores, ultrleves e asa delta precisam de ar denso para voar), se formam as nuvens e ocorrem as chuvas. As temperaturas variam de camada a camada, sendo em média em torno de 20OC junto á superfície diminuindo à medida em que subimos. Os aviões a jato voam a 10.000 metros de altitude onde a temperatura gira em torno de 50OC negativos.
FENÔMENO NO 3 - A CÉLULA DE HADLEY:
Até o século XVIII, a ciência acreditava que a atmosfera era estática e as chuvas se formavam graças aos fenômenos de evaporação e precipitação, isto é, o calor fazia a água evaporar, o ar úmido e quente ficava mais leve e subia para camadas superiores onde a temperatura é mais baixa, essa temperatura fazia as gotículas do vapor de água se condensarem e, com o peso, as gotas precipitavam, isto é, caíam formando as chuvas e isso era chamado, e ainda é, de Ciclo Hidrológico.
Em 1735, um meteorologista (pessoa que estuda os fenômenos que ocorrem na atmosfera terrestre) inglês de nome George Hadley estudou por muitos anos o movimento das nuvens e das chuvas e descobriu que na zona do Equador, onde os raios solares incidem com maior intensidade, a terra, a vegetação e a água do mar esquentam mais que na zona dos Trópicos e essa diferença de temperatura faz o ar se movimentar, subindo na zona equatorial, voando milhares de quilometros e descendo na zona tropical. Obviamente, os técnicas e cientistas com inveja inventaram um monte de besteiras para não aceitarem esta teoria e o mundo demorou muitos anos para aceitar essa teoria do Hadley mas o mundo científico acabou aceitando como verdade e deu ao fenômeno o nome de Célula de Hadley em homenagem ao meteorologista inglês.
A água evapora com o calor que faz em Macapá-AP | A água que evaporou em Macapá vira nuvens e viaja mais de 2.600 km pela alta atmosfera | E cai, na forma de chuva, em São Paulo-SP |
Veja um desenho esquemático feito em escala exagerada sobre o mapa da América do Sul para vocês terem uma idéia do tamanho dessa Célula que começa na Linha do Equador, que passa na cidade de Macapá, e termina na Linha do Trópico de Capricórnio, que passa perto da cidade de São Paulo. Explicando melhor: o calor de Macapá faz evaporar as águas dos rios e lagos, essa água evaporada forma nuvens que "caminham" pelo efeito da Célula Hadley pela alta atmosfera até São Paulo (cerca de 2.600 quilometros) e encontrando temperaturas mais frias condensam e caem na forma de chuva.
De forma detalhada, podemos ver os eventos atmosféricos que ocorrem dentro da Célula de Hadley.
EFEITO NO 1 - Aquecimento da superfície, da vegetação, das casas, prédios, das águas de lagoas, rios e mares.
Por causa da forma esférica da Terra, os raios solares atingem com maior intensidade nas regiões mais próximas da Linha do Equador. O ar fica mais quente, mais leve, mais rarefeito, as pessoas sentem mais calor. As águas evaporam aumentando a umidade relativa do ar.
EFEITO NO 2 - Térmica ascendente.
O ar, mais quente e úmido e mais leve, sobe para camadas mais altas. Chamamos de Térmica Ascendente. Dependendo da intensidade do calor, a térmica forma uma corrente (vento) ascendente de ar. Os praticantes de paraglide e asa delta conhecem bem esse fenômeno e tiram proveito conseguindo ficar horas e horas no ar. Aprenderam observando as águias, as gaivotas, os albatrozes e outras aves de grande porte que voam sem bater as asas.
EFEITO NO 3 - ZBP.
A corrente ascendente não sobe reto. Sobe na forma de redemoinho, girando no sentido horário (aqui no hemisfério sul) para quem observa o efeito a partir do espaço. Quando o ar sai (isto é sobe), o espaço junto ao solo fica meio que vazio criando uma Zona de Baixa Pressão - ZBP.
EFEITO NO 4 - Chuva de Verão.
Dependendo da concentração do calor, isso depende das características de ocupação do solo e das nuvens, a Térmica Ascendente fica, por um certo tempo, presa sob as nuvens porque as nuvem formam uma barreira e não deixam a Térmica passar. Mas as Termicas são reforçadas mais térmicas ascendente que vem de baixo e, forçando as nuvens para cima, conseguem abrir um buraco nas nuvens e passando por este buraco sobe com uma corrente tão forte que chega a atingir grandes altitudes formando um tubo que parece um cogumelo (veja a terceira figura abaixo). Nas grandes altitudes, as gotículas do vapor de água congelam, se juntam formando bolas de gelo e, pelo peso, caem na forma de granizo. Durante a descida, as bolas de gelo encontram a térmica que vem subindo então começam a derreter daí sentirmos a chuva com gotas "bem gelada". Às vezes o granizo não derrete totalmente e consegue chegar até o solo e formam camadas espessas de gelo que duram vários dias para derreter. Chamamos de Chuva de Verão. Por esta característica, a chuva de verão é sempre localizada, forte, gelada e de curta duração.
Os Piscinões são as obras especialmente indicadas para reter (segurar) a frente da Chuva de Verão, isto é, os 10 minutos inciais da chuva que tem um período de recorrência de 5 anos. Veja mais detalhes sobre a Chuva de Verão em . Embora muito bons para segurar a frente da chuva de verão, os piscinões não tem capacidade para armazenar os outros tipos de chuvas.
Regiões densamente edificada com muitos prédios altos e com pouca vegetação são mais suceptíveis à ocorrência da Chuva de Verão. Veja mais detalhes em .
EFEITO NO 5 - Ciclones.
Depois que a térmica ascendente atingiu grandes altitudes, a massa de ar é levada para as regiões dos trópicos. No hemisfério sul ela caminha para a direção do polo sul e no hemisfério norte para o polo norte. A massa de ar não caminha reto. Como as águas que saem pelo ralo numa pia ou num tanque, forma-se redemoinhos.
No caminho entre a região do Equador até a região dos Trópicos, por causa da forma esférica da Terra, as nuvens formam redemoinhos.
EFEITO NO 6 - Efeito Coriolis.
Por causa da forma esférica da Terra e pelo fato da Terra estar girando, as nuvens que formam redemoinhos, o fazem num ou noutro sentido. No hemisfério sul os redemoinhos giram no sentido horário. Muitos falam que as nuvens "caminham" empurradas pelo vento mas, na realidade, as nuvens não andam pois quem anda, ou melhor gira, é a Terra e esse fenômeno é conhecido como Efeito Coriolis.
Veja mais detalhes sobre o Efeito Coriolis em .
EFEITO NO 7 - Transformações do Ciclone.
No seu caminho, um ciclone já formado pode encontrar regiões com maior concentração de calor o que aumenta o "poder" do ciclone, isto é, aumenta a velocidade dos ventos e diminui o diâmetro passando a ter outras denominações, além de ciclone, em função da velocidade média dos ventos. Veja os nomes mais comuns.
CICLONE | FURACÃO | TUFÃO | TORNADO | TROMBA |
Diâmetros muito grande como 1.500 km e velocidades pequenas 50 km/h | Diâmetros grande como 800 km e velocidades médias 150 km/h | Diametros médios como 100 km e velocidades altas 200 km/h | Diâmetros pequenos como 2 km e velocidades muito altas 400 km/h | Diâmetros concentrados como 100 metros e velocidades altíssimas podendo sugar casas e carros. |
Gustinado é uma espécie de preparação para o tornado começando com um ciclone de velocidade crescente chegando a 120 km/h mas que não chega a se formar.
EFEITO NO 8 - ZAP.
A Zona de Alta Pressão - ZAP é onde a Célula de Hadley retorna à superfície, descendo da troposfera. Por ser muito seco não traz chuvas e ainda tem a tendência de formação de desertos.
EFEITO NO 9 - Ventos Alíseos.
É o movimento do ar na parte baixa, junto à superfície, da Célula de Hadley. Embora tenha a tendência de movimentar-se do sul para o norte, por causa do Efeito de Coriolis, sopra do sudeste para o noroeste.
FENÔMENO NO 4 - AS ZONAS DE CONVERGÊNCIA:
Zonas de Convergência são sistemas
meteorológicos que têm forte influência sobre o vento e o clima na Terra
e se caracterizam por ser uma interação entre eventos meteorológicos das
latitudes médias e tropicais, isto é envolvendo o Equador e os Trópicos
de Câncer e Capricórnio..
Existem quatro zonas de convergências principais
que são:
ZCIT
- Zona de Convergência Intertropical;
ZCAS
- Zona de Convergência do Atlântico Sul;
ZCPS
- Zona de Convergência do Pacífico Sul e
ZCIS
- Zona de Convergência do Índico Sul.
Vejamos cada uma delas.
1 - ZCIT - Zona de Convergência Intertropical.
A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é um
dos mais importantes sistemas meteorológicos e é caracterizado por
formar uma faixa de muitas Células Hadley concactenadas e encadeadas
paralelamente à Linha do Equador.
No lado a Linha do Equador encontramos Zonas de
Baixa Pressão com correntes quentes e úmidas ascendentes que atingindo a
troposfera caminham em direção aos trópicos na forma de ciclones,
havendo uma ZCIT no hemisfério norte e outra ZCIT no nosso lado do
hemisfério sul. Chegando à linha do Trópico de Capricórnio, há uma
descida de ventos secos e já frios formando uma Zona de Altra Pressão.
Na continuação, formam-se, junto ao solo, Ventos Alíseos.
Influenciados pelo Efeito Coriolis, os ciclones
sofrem, a cada ciclo (volta) um ligeiro desvio para leste soprando,
então, do noroeste e, ao contrário, os ventos alisios em vez de soprarem
para o norte, sofrem um pequeno desvio para oeste passando a soprar do
sudeste.
Veja no desenho abaixo a ZCIT em mancha na cor
vermelha e os ventos alíseos, rente à superfície, na forma de setas
soprando de sudeste (no hemisfério sul).
Na realidade, o Efeito Coriolis atua sobre esta
formação de anéis fazendo com que um anel, em vez de fazer uma volta
completa sobre si mesmo, termine a volta um pouco deslocado para o oeste
e, deste modo, se ligando ao anel adjacente, somando seus efeitos que
vão ficando cada vez mais forte.
Observe que o Deserto de Saara está localizado
exatamente na área em que atua a zona de alta pressão da Célula Hadley
que é seca e observe também que a Amazônia está localizada exatamente
para onde converge a ACIT levando toda a umidade retirada do Oceâno
Atlântico.
Quando a ZCIT está mais ao norte não ocorrem
chuvas no nordeste e lá o ano é chamado de Ano Seco. Ao contrário,
quando a ZCIT está mais ao sul ocorrem muitas chuvas no nordeste quando
eles chamam de Ano Chuvoso.
Da grande quantidade de água carregada pela ZCIT
para a região amazônica (quase toda evaporada do Oceano Atlântico), uma
parte cai na forma de chuva mas uma outra quantidade de água é agregada
formando um verdadeiro rio aéreo que flui pela atmosfera até encontrar,
no extremo oeste um muro formado pela Cordilheira dos Andes que bloqueia
o fluxo. Então, uma parte condensa formando as nascentes do rio Amazonas
nas encostas dos Andes e outra grande parte desce para o sul passando
sobre o estado de Mato Grosso onde faz chover sobre as extensas
plantações. Depois, dependendo das condições da Zona de Convergência do
Atlantico Sul, ajudada pelo El Niño/La Niña, é desviado para a região do
norte da Minas Gerais, para São Paulo ou mais para o sul, para a região
de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O desenho seguinte mostra o caminho do fluxo de
nuvens.
Veja no mapa seguinte as regiões do mundo que
são beneficiadas com abundância de chuva fornecida pela ZCIT:
Agora, você entende por que o Brasil, em
especial o oeste amazônico e o centro-oeste são as regiões do mundo mais
propícias para o desenvolvimento da agricultura em larga (e bota larga
nisso) escala.
2 - ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul.
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),
é uma grande faixa de nebulosidade persistente que se estende desde o
sul da região amazônica até a região central do Atlântico Sul, e ocorre
na baixa troposfera e é orientada no sentido do noroeste para o sudeste
ficando bem caracterizada no verão.
É a responsável por períodos de enchentes na
região sudeste e veranicos (períodos de estiagem, acompanhada por calor
intenso em plena estação fria com duração de mais de quatro dias, baixa
umidade relativa e forte insolação) na região sul do Brasil.
A formação da ZCAS
ocorre sobretudo entre o final da primavera (dezembro)
e o verão (abril) e pode abranger além
da amazônia e o centro-oeste posições mais ao sul atingindo Paraná e
Santa Catarina e posições mais ao norte chegando a Bahia e o sul do
Piauí e Maranhão e todos os estados entre estes.
Diversos podem ser os fatores locais que
favorecem a ocorrência da ZCAS, destacando-se o encontro com o ar do
Anticiclone do Atlântico Sul (ACAS), a ZCIT ao norte e o Cavado na
Cordilheira dos Antes.
O fluxo do ar quente e úmido em baixos níveis é
o responsável por intensificar a convergência de umidade ao associar-se
ao Jato Subtropical (JST) em altos níveis, fluindo em latitudes altas
intensificando a formação de instabilidade convectiva na Amazônia e no
Brasil Central.
As chuvas provocadas pela ZCAS foram as
responsáveis pelas enchentes e deslizamentos de terra ocorridas na
Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011, que deixaram mais de 900
vítimas fatais. Por outro lado, a ausência da ZCAS entre 2014 e 2015
favoreceu uma condição de seca na região sudeste, protagonizando a
grande Crise Hídrica ocorrida na região.
Sofre ainda, a ZCAS, da influência de fenômenos
do Oceano Pacífico como o para El Niño/La Niña, como ocorreu em 2015.
A ZCAS podem ficar espremida, havendo anos com
maior largura e anos mais estreito e também oscilam, ano a ano, uma
pouco para o norte, atingindo mais os estados de Minas Gerais e Espírito
Santo ou um pouco mais para o sul atingindo mais o estado de São Paulo e
também mais ainda para o sul atingindo mais o estado do Paraná, podendo
chegar, conforme o ano, até o estado do Rio Grande do Sul. Veja as
várias fotografias de satélite.
3 - ZCPS - Zona de Convergência do Pacífico Sul.
A Zona de Convergência do Pacífico Sul (ZCPS) é
a maior em extensão entre as ZCAS e ZCIS, se localiza predominantemente
sobre o oeste do Oceano Pacífico na região chamada de continente
marítimo (Indonésia) que se caracteriza pelas altas temperaturas da
superfície oceânica (algo em torno de 27ºC). Assim como a ZCAS e a ZCIS
ela tem orientação noroeste/sudeste.
Não vou detalhar por ter pouca influência no clima sobre o Brasil.
4 - ZCIS - Zona de Convergência do Índico Sul.
A Zona de Convergência do Índico Sul (ZCIS) é a menos marcante de todas as zonas de convergência e é caracterizada por ser uma zona de convergência em uma camada inferior úmida.
FENÔMENO NO 5 - CAVADO:
O cavado é uma área de instabilidade de baixa pressão, de forma alongada, baixa e frequentemente associada a frentes.
Parecido com uma Zona de Baixa Pressão, difere pois o circuito não fecha. É comum o Cavado ocorrer entre duas áreas de Alta Pressão, muitas vezes, gerando ventos. Quando não ocorre ventos o cavado é denominado Passo.
Uma frente fria, ao perder força, pode se transformar num cavado.
FENÔMENO NO 6 - EL NIÑO / LA NIÑA:
São fenômenos atmosféricos que ocorrem no Oceano Pacífico.
Em um ano "normal", isto é, sem a ocorrência do El Niño e nem do La Niña, as águas do Oceano Pacífico, na região compreendida entre a Linha do Equador e as linhas dos trópicos, são influenciadas pelo efeito das Células de Hadley que empurra as águas superficiais para o oeste. Como o oceano é estratificado em camadas com as águas mais quentes nas camadas mais superficiais e as águas mais frias, ricas em nutrientes, nas camadas mais profundas, a ação dos Ventos Elísios das Células de Hadley empurram as águas quentes em direção da Austrália e, com isso, facilitam que as águas mais frias cheguem à superfície junto à costa do Chile, ajudadas pela Corrente de Rumboldt. Esse fenômeno é conhecido como Célula de Walker. A abundância de nutrientes na costa do Chile faz, desta região, a que produz, em variedade e quantidade, o melhor pescado do mundo.
O fenômeno El Nino começa a acontecer nos dias que antecedem o natal, daí seu nome em alusão ao nascimento do Menino Jesus, pelo enfraquecimento da intensidade dos Ventos Alísios que chegam a parar, podendo surgir um vento contrário que ao contrário dos Alísios que sopram do sudeste para o noroeste, sopram de oeste para o leste empurrando as águas superficiais (mais quentes) do Oceano Pacífico em direção à América do Sul. Isso bloqueia o fluxo da Corrente de Rumboldt e impede a subida das águas frias ricas em nutrientes, a pesca diminui e o nível médio do oceano sobre cerca de 50 centímetros na costa da América do Sul.
O efeito do El Niño não acontece somente nas costas da América do Sul. O mundo inteiro sofre os efeitos:
Em especial, veja os efeitos do El Niño no Brasil:
O Período de Recorrência do El Niño é variável podendo ocorrer entre 3 e 4 anos e com duração, também variável.
A ÚLTIMA OCORRÊNCIA
O evento de 2015 teve início no mês de maio quando as condições para a formação do El Niño foram anunciadas pelo Bureau of Meteorology (Austrália), pela Agência Meteorológica do Japão e pela National Oceanic and Atmospheric Administration dos EUA confirmando formação de um El Niño com intensidade prevista entre moderado e forte, podendo se estender até o começo do ano de 2016. No fim do mês de Junho a região central e leste do Pacífico alcançou anomalias de temperatura equivalentes a um El Niño em patamar forte. No mês de Novembro as temperaturas na região central do pacífico foram superiores as registradas no grande evento de 1997/98. A Organização meteorológica mundial declarou que o evento é um dos três maiores já registrados, juntamente com os de 1982/83 e 1997/98.
INFLUÊNCIA NO BRASIL (no ano 2015):
Em Outubro, o excesso de chuvas no sul do Brasil causou enchentes e milhões de reais em prejuízos. Porto Alegre registrou o mês de Outubro mais chuvoso desde 1939 e o Rio Guaíba atingiu a maior marca desde 1941. Mais de 170 mil pessoas em 132 municípios foram atingidas pelas fortes chuvas e enchentes de rios somente no estado do Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, mais de 157.500 pessoas foram atingidas pelas chuvas em 111 municípios, dos quais 42 decretaram situação de emergência. Quatro pessoas morreram. Os prejuízos passaram de R$ 500 milhões.
A estiagem no norte do Brasil foi agravada pelo fenômeno. O nível do Rio Negro (Amazonas) caiu mais de sete metros somente no mês de outubro e a capital, Manaus, ficou por mais de 20 dias seguidos coberta por fumaça proveniente de mais de 11 mil focos de queimadas na região amazônica. As chuvas ficaram até 50% abaixo da média em Belém-PA onde as tradicionais chuvas vespertinas deixaram de ocorrer e os níveis dos reservatórios das usinas hidroelétricas do estado do Pará operaram com níveis muito baixos.
Uma forte onda de calor atingiu o Centro Oeste, Sudeste, parte do Norte e Nordeste do Brasil entre os meses de setembro de outubro. Mais de 30 cidades com estações meteorológicas do INMET registraram temperaturas acima dos 40 °C apenas no dia 16 de outubro de 2015. Diversas capitais também tiveram quebra de recorde de calor durante o período: Belo Horizonte registrou a maior temperatura em mais de 105 anos com 37,4 °C em 17 de outubro, dia em que Goiânia também registrou seu recorde de calor absoluto com 40,4 °C; Brasília registrou o recorde de calor absoluto com 36,4 °C em 18 de outubro; Rio de Janeiro registrou a maior temperatura em uma primavera em mais de 100 anos com 42,8 °C; Palmas registrou 42,1 °C em 16 de outubro, também recorde de calor do município, e Manaus registrou seu recorde de calor com 38,9 °C em 21 de setembro.
Também foi verificado o agravamento da seca nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que vêm sendo afetados pela estiagem e chuvas irregulares desde 2014.
Veja quando tivemos o El Niño nos últimos anos:
·
1990-1993 - Forte intensidade
·
1994-1995 - Intensidade moderada
·
1997-1998 - Forte intensidade
·
2002-2003 - Intensidade moderada
·
2004-2005 - Fraca intensidade
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2006-2007 - Forte intensidade
·
2009-2010 - Intensidade moderada
·
2015-2016 - Forte intensidade
·
2018-2019
- Fraca intensidade
É o inverso do El Niño.
FENÔMENO NO 7 - FRENTE FRIA:
O ar no continente Antártico é frio (em média -50OC) e seco e tem uma densidade alta (é pesado). Ao contrário, o ar na região subtropical (abaixo do Trópico de Capricórnio) é quente e úmido (é mais leve). Então, pela diferença de densidade o ar frio "se esparrama" para o norte penetrando por baixo do ar quente e empurrando-o para cima. Forçado a subir a altas altitudes, o atrito do ar produz muita eletricidade estática o que resulta em relâmpagos (parte visível) e trovões (parte audível). Nas altas altitudes a temperatura é bem fria (-50OC) então a umidade condensa e congela formando pequenas patículas de gelo que pelo peso cai formando a chuva de granizo.
Um pouco antes dessa chuva, a temperatura sobe, o ar fica abafado, a pressão atmosférica cai e aumenta a sensação térmica. As pessoas pensam "vai vir uma tempestade!".
Logo que a frente fria passa, o céu clareia e aparecem nuvens de bom tempo e a temperatura cai.
Nas horas e dias que se seguem há chuvas leves e ocorrem nevoeiros.
FENÔMENO NO 8 - RIO DE POEIRA:
A cada ano, 182 milhões de toneladas de poeira
saem do Saara e atravessam o Oceano Atlântico, numa viagem que pode ser
acompanhada por satélite.
O ventos fortes que sopram do leste para o oeste
na região central do Deserto do Saara, afunilados pelos maciços
topográficos do Tibese e Ennedi, agem sobre o solo da Depressão Bodélè,
localizada na parte mais baixa do que era o Lago de Chade, levanta uma
grande quantidade de poeira e areia fina, rica em minerais e nutrientes
orgânicos. Veja uma foto tirada pelo satélite NOAA-20:
A decomposição da matéria orgânica resulta numa camada branca fina que forra toda a superfície e que o vento consegue levantar:
Imagens de satélite mostram que esta poeira fina levantada pelos ventos no deserto de Chad é transportada por cima do Oceano Atlântico e viaja mais de 5.000 quilômetros:
Essa poeira contém, além de areia fina, nutrientes como o fósforo dos ossos dos animais que habitavam o outrora Mar de Chad e vai servir como fertilizante ao cair, junto com a chuva, sobre a Floresta Amazônica:
A poeira da Depressão Bodélé
é de particular interesse para os cientistas porque as diatomáceas
são ricas em
fósforo, um
nutriente essencial para o crescimento das plantas na floresta da
Amazônia e também das algas do Oceano Atlântico confome estudos do
periódico "Geophysical Research Letters"
A análise sugere que a depressão é a fonte de
6,5 milhões de toneladas de ferro e 120 mil toneladas de fósforo por
ano, com cerca de 20% chegando à Amazônia, metade caindo no Atlântico e
o resto ficando no oeste da África. "Era uma peça que faltava no
quebra-cabeças: o que está presente quimicamente na poeira", diz Richard
Washington, da Universidade de Oxford, que estuda nuvens de poeira do
Saara.
Veja os números dessa iniciativa pioneira no mundo:
Veja mais detalhes no site do Projeto ATTO: www.attoproject.org.
Com 325 metros de altura, a torre Atto foi erguida na Floresta Amazônica para medir concentrações de dióxido de carbono, balanços de radiação, fluxos de aerossóis e ozônio, entre outros dados. Essas informações são fundamentais para que os cientistas tracem diagnósticos precisos sobre o impacto das mudanças climáticas globais na região e a influência da floresta no clima da Terra. Cerca de 100 pesquisadores estão envolvidos no projeto.
Ao analisar os fenômenos climáticos é necessário considerar os fenômenos atmosféricos e entender que não é a floresta amazônica que mantém a floresta amazônica mas quem mantém a flores amazônica são as chuvas e os nutrientes trazidos do Oceânico Atlântico e da Depressão Bodélé no meio do Deserto do Saara.
Assista a gravação da palestra proferida pelo autor em uma reunão do Rotary International www.youtube.com/watch?v=r2Ql8gqnQ-c
NOTA DO AUTOR:
O conteúdo deste site tem por finalidade orientar os profissionais que lidam com o projeto, dimensionamento, construção, manutenção e reforma de obras hidráulicas, isto é, obras que se destinam a reter, conter, controlar, regular o fluxo das águas pluviais. Embora, aparentemente, seja suficiente obedecer às prescrições de normas técnicas oficiais, a Engenharia não pode dispensar (a Memória de Cálculo é obrigatória) um cálculo cientificamente fundamentado onde sejam apresentadas as diretrizes adotadas no projeto, as hipóteses consideradas.
Este site foi elaborado e é mantido por abnegado engenheiro que tendo participado do projeto das obras hidráulicas de porte da engenharia nacional, como o Sistema Cantareira de Abastecimento de Água da Grande São Paulo, a Hidrelétrica de Ilha Solteira, Itaipu e Tucurui, adquiriu respeitável experiência no trato com as águas da chuva e apresenta os fundamentos da formação das precipitações atmosféricas, os fenômenos que condicionam a ocorrência e a distribuição das chuvas em território brasileiro. Pela sua finalidade, o conteúdo deste site pode ser livremetne copiado, distribuído e impresso. Só não pode ser pirateado, isto é, copiado e apresentado como se fosse de sua autoria. Para mais detalhes da experiência profissional, clique aqui .
\ET5\chuvas\FenomenosAtmosfericos.htm em 09/02/2020, atualizado em 27/01/2024.