Entende-se
por "precipitações atmosféricas" o conjunto de águas
originadas do vapor d'água da atmosfera que cai, em estado líquido ou
sólido, sobre a superfície da terra.
O
conceito engloba não somente a chuva, que é a precipitação em estado
líquido, como também a neve, o granizo, o nevoeiro, o sereno, a
neblica, a serração e a geada.
A
atmosfera terrestre contém, além dos gases (nitrogênio, origênio,
carbônicos, metano, etc.) partículas ou gotículas de água, no estado
sólido, líquido ou gasoso.
Essas
partículas ficam como que "flutuando" na atmosfera
sustentadas por forças. Em geral são invisíveis, a olho nu, e
conferem aquele tom azulado do céu. Quando visíveis chamamos,
genericamente, de "nuvem".
Uma
grande quantidade de água doce fica como que "acumuladas" ou
"armazenadas" nos ceús. Esta parcela é significativa. Veja a
distribuição da água no estado líquido:
- Em
lençois subterrâneos como o Aquífero Guarani ou mesmo em lençois
do tipo freáticos = 98,7%;
-
Livre na superfície (rios, lagos e reservatórios) = 0,9%
-
Na atmosfera (vapor, nuvens) = 0,4%
É
difícil para o leigo "sentir" o quanto é esse 0,4%, mas
posso dar uma dica comparativa. Se você imaginar que um rio
"pequeno" como o Iguaçu propicia uma visão impressionante
como as Cataratas do Iguaçu e se você imaginar todas as águas em
estado líquido sobre a superfície terrestre do mundo todo, verá que
toda essa água representa 0,9% de toda água em estado líquido do
mundo. É muita água.
Então,
esse percentual de 0,4% é quase a metade dos 0,9%. É muita água
também.
As
particulas e gotículas de água permanecem na atmosfera sustentadas por
forças do tipo turbulência dos ventos e térmicas ascendentes. Medem
cerca de 0,02 milímetros de diâmetro e são muito leves.
FORÇA
DE COALESCÊNCIA
Quando
olhamos para um nuvem, vemos um desenho que parece "voar"
tranquilo pelos céus.
Entretanto,
ao "entrar" numa nuvem veremos que se trava uma intensa
batalha entre particulas e gotículas de água com partículas do vento
que sobe. Enquanto as gotículas de água tiverem diâmetro menor que
0,2 milímetros o ar ascendente consegue mantê-la no ar.
Mas
quando as gotículas se tornam maiores e ultrapassam 0,5 milímetros seu
peso fica maior que as forças que a sustentam e então caem na forma de
chuva outra forma de precipitação.
Não
se tem, ainda, uma perfeita compreensão das forças que atuam sobre as
gotículas de água na atmosfera, porém existe quase que um consenso de
que forças eletrostáticas promovem a "coalescência", isto
é, a união ou a junção das gotículas. Essas forças eletrostáticas
são as mesmas que produzem os raios.
Muitas vezes, a existência de
nuvens, mesmo que em muita quantidade, não significa, necessáriamente,
que haverá chuvas. O que acontece em toda região nordeste do
continente sul-americano é que existe muitas nuvens mas as suas
gotículas não se condensam em tamanho suficiente para ocasionar a sua
queda.
GRANDEZAS
QUE CARACTERIZAM UM A PRECIPITAÇÃO:
Diversos
parâmetros caracterizam a procipitação.
1 -
ALTURA PLUVIOMÉTRICA:
Indicada
pela letra h
(agá minúscula), é a quantidade de água precipitada por unidade
de área horizontal.
Mede-se
em milímetros (de altura) imaginando que toda a água permanece no
local sem escoar. Pode referir-se a uma determinada chuva ou a um
conjunto de chuvas em determinado período.
EXEMPLOS:
A
chuva que caiu ontem às 15:12 hs teve a Altura Pluviométrica de
h = 17 milimetros.
Neste
mês que hora se encerra, registramos a Altura Pluviométrica de h
= 54 milímetros (somando as alturas de todas as chuvas).
2 -
INTENSIDADE:
Indicada
pela letra i
(i minúscula), é a quantidade de água precipitada em determinada
unidade de tempo.
Mede-se
em milímetros por hora e representa a "força" ou a
"velocidade" da precipitação.
EXEMPLOS:
Foi
uma chuva fraca, comum com i = 3,6 mm/h de intensidade.
Foi
uma tempestade violenta, com granizo, de intensidade i = 43,2
mm/h.
TIPO DE
PRECIPITAÇÃO |
INTENSIDADE
(mm/h) |
Nevoeiro |
0,25 |
Chuva
Leve |
1 a 5 |
Chuva |
5 a 15 |
Chuva
Forte |
15 a 20 |
Tempestade |
100 |
3 -
DURAÇÃO:
Indicada
pela letra d
(dê minúscula), é o intervalo de tempo medido entre o instante em
que se iniciou a precipitação e o instante de seu término.
Mede-se
em minutos ou em horas.
4 -
FREQUÊNCIA:
Número
de vezes que uma determinada precipitação (caracterizada por uma
determinada altura e uma determinada duração) ocorre no decorrer de um
intervalo, determinado, de tempo.
EXEMPLO:
Constatamos
que a chuva de h = 17 milimetros e duração d = 10 minutos
ocurreu 10 vezes nos últimos 5 anos.
Na
engenharia, em vez de tratamos as precipitações em termos de Frequência, tratamos pelo
Período, que, matematicamente falando, é o inverso da Frequência.
Camamos
de Período de Retorno ou Período de Recorrência e
representamos com a letra T
(tê maiúscula).
EXEMPLO:
A
chuva de intensidade i = 8 mmm/h e duração 8 minutos tem um
período de retorno T = 4 anos. Significa que esta chuva, em
particular, ocorre uma vez a cada 4 anos.
CUIDADO:
Um
erro muito comum é, quando se ouve que o Período de
Retorno é de 1.000 anos, considerar que aquela chuva só
vai acontecer daqui a 1.000 anos. Sendo um número da
estatística que representa a probabilidade de ocorrência
de um evento, o mesmo pode ocorrer amanhã mesmo.
No
caso do Vertedouro da Barragem de Tucuruí, foi considerada uma
"baita" chuva, daquelas que só ocorrem uma vez a cada
10.000 anos, que chamamos de Recorrência Decamilenar. Esta
"baita" chuva produzirá uma vazão do Rio Tocantins de Q
= 110.000 metros cúbicos por segundo.
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