Avanço imobiliário ameaça água no subsolo de São Paulo
Matéria do joernal Folha de S.Paulo do dia 29 de dezembro de 2008.
O local é um exemplo do "boom" imobiliário que atingiu a cidade há alguns
anos e que trouxe, além de novas opções de residência, prejuízos ao ambiente,
como o rebaixamento do nível do lençol freático.
A redução tem causado rachaduras em imóveis, afundado o asfalto de ruas,
ajudado a secar lagos e, a longo prazo, pode afetar o nível dos rios da cidade.
De 1997 a 2007, 3.179 prédios residenciais e comerciais foram construídos em
São Paulo, segundo a Sempla (Secretaria Municipal de Planejamento). O líder foi
o Itaim Bibi (212), na zona oeste, onde, nos últimos dez anos, o lençol
freático ficou 4 m mais baixo, diz Milton Golombek, diretor da Abeg (Associação
Brasileira de Empresas de Projetos e Consultoria em Engenharia Geotécnica).
A diminuição também foi percebida por ele em Moema e na Vila Mariana (ambos na
zona sul), segundo e terceiro colocados em lançamentos imobiliários nos últimos
dez anos.
Para construir prédios em áreas onde o lençol freático está mais próximo da
superfície, as construtoras precisam drenar a água. E muitos prédios continuam
bombeando essa água para a rua, mesmo depois de o imóvel estar pronto, para
evitar que o subsolo, onde ficam as garagens, inunde.
Reflexo na superfície
Se grande número de prédios faz isso numa mesma região, o lençol freático não
tem tempo de voltar ao nível normal. O rebaixamento gera reacomodação do solo,
que reflete na superfície e causa rachaduras e fissuras em imóveis, quando o
solo é de qualidade ruim.
Alguns lagos também podem secar, já que não são realimentados pela água do
lençol, como ocorreu no parque Água Branca (zona oeste), há seis anos.
Não há um estudo que mostre a quantidade de água do lençol que é bombeada pelos
edifícios de São Paulo, segundo a Promotoria do Meio Ambiente, que pretende
entrar com ação civil pública contra a prefeitura no início de 2009, para que
esse bombeamento seja controlado.
Antes de começar a fundação das obras, no entanto, as construtoras têm que
analisar a profundidade da água. Foi em uma dessas medições que Golombek, que
também é diretor da Consultrix, empresa que projeta fundações para a maioria
das construtoras do país, notou que na rua Tabapuã, no Itaim Bibi, o lençol
estava mais profundo do que há dez anos, quando executou outra obra no local.
Mina
O fato também foi percebido por Ariston Santana Pereira, 58, zelador de um
prédio na rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, três ruas distante da
Tabapuã. "Faz dez anos que isso aqui não vaza. Era uma mina, tinha que
bombear água de hora em hora", diz, referindo-se à água do lençol
freático.
As possíveis conseqüências disso no edifício são um muro rachado e um pequeno
afundamento na entrada da garagem, que já teve de ser reformada pelo mesmo
motivo há um ano. O asfalto da frente do prédio também foi refeito há três
meses e já está empossando água em alguns pontos devido a buracos.
Casas interditadas
Um engenheiro de uma construção na Vila Mariana, que não quis se identificar,
também afirmou que, em um intervalo de três anos e seis meses, o lençol da
região baixou cerca de 1 m. A observação foi feita após medições para o início
de obras. De 2005 até 2007, 54 edifícios foram construídos no bairro.
Nas ruas Tumiaru, Joinville e Curitiba e na travessa Ponder, em maio de 2007,
casas apresentaram rachaduras e fissuras; algumas foram interditadas. Na época,
três prédios de luxo estavam sendo construídos. Hoje, as casas passam por
reformas, pagas pelas construtoras.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cot...2912200801.htm
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As dicas acima são meramente ilustrativas e só tem valor didático. Pelo aspecto pedagógico envolvido, as matérias e figuras podem ser livremente copiadas, impressas e distribuídas - Só não pode ser pirateada, isto é, copiar e distribuir como se fossem de sua autoria. |
RMW\pericias\CasoMoema.htm em 25/08/2012, atualizado em 24/08/2012.